Faltam poucos dias para terminar o ano e o mercado de veículos leves e pesados deve crescer entre 9% e 10%, pouco abaixo das previsões para 2019 feitas em janeiro. No mês passado, as vendas caíram 4,4% sobre outubro, mas essa comparação é inadequada por efeito de sazonalidades como o número de dias úteis. A referência que importa são as 12.116 unidades vendidas por dia em novembro. É o melhor resultado mensal desde dezembro de 2014 e ajudou a diminuir os estoques totais (em concessionárias e fabricantes) de 45 para 41 dias.
O Brasil precisará de mais três ou quatro anos de bons resultados para igualar os números de 2012/2013. Sem esquecer que as referências do passado vieram de incentivos fiscais válidos, mas não por períodos tão longos e mal administrados. Para que em 2023 o mercado volte às 3,8 milhões de unidades vendidas em 2012 é necessário que a demanda por veículos continue em alta e autossustentável.
Em busca de respostas, a Anfavea divulgou uma pesquisa sobre intenção de compra em 2020. O próximo ano será importante do ponto de vista econômico, pois há indicações de que o crescimento do PIB deve dobrar de 1,2% em 2019 para 2,4% ou até um pouco mais. Foram 6.727 entrevistas em todo o país agora em novembro, mas sem recortes de localização e renda dos entrevistados.
Do total, 88% afirmaram pretender trocar de carro por um novo ou usado. Entre os que não têm automóvel, a intenção de compra em 2020 atinge 93%, patamar surpreendente. Estes são os principais motivos (mais de um podia ser apontado) para a troca: o carro atual já está velho (35%); troco o carro de tempos em tempos (34%); família cresceu e preciso de mais espaço (14%); vou usar para outras finalidades: aplicativo, táxi, etc (6%); preciso de um carro menor (4%); resolvi vender e não quero mais ter carro (1%); e outro motivo (17%).
Nessa pesquisa, entre os que consultam anúncios de compra e venda na internet, apenas 1% não quer mais ter carro. Trata-se de um resultado surpreendente para quem acha que ter um veículo é algo superado ou deixou de empolgar. Os motivos para não trocar de carro: 38%, situação financeira; 5%, outras formas de mobilidade e 5%, sustentabilidade. Também perguntou por que não comprar um carro: 46%, situação financeira; 18%, outras formas de mobilidade e 10% usa o veículo de parentes e amigos.
A interpretação dos dados demonstra o desejo muito forte de ter um carro. Entre as ressalvas, os entrevistados disseram que andam a pé, de trem, ônibus, metrô, moto e bicicleta, pegam carona, apelam para carros de aplicativos/táxis ou têm apreço pelo meio ambiente para evitar a compra de um carro. O balanço final mostra que todas as alternativas não apresentam massa crítica capaz de diminuir muito o interesse de comprar ou trocar de carro.