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Foco na mobilidade em salão de tecnologia

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A “invasão” de carros no tradicional salão de tecnologia CES (sigla em inglês para Feira de Eletrônica de Consumo), realizada anualmente em Las Vegas, EUA, foi a maior desde que a Ford começou a expô-los, de forma tímida, há 10 anos. Nesta edição, compareceram 16 marcas de veículos, entre tradicionais e novatas. Um dos motivos é o custo baixo dos estandes e a exposição durar apenas quatro dias.


 
Uma das surpresas foi a inversão de papéis com a Sony ao apresentar o protótipo de um sedã elétrico e autônomo em parceria com sistemistas de autopeças e vários fornecedores de eletrônica de bordo. O Vision-S tem estética bem aceitável, copia aqui e ali alguns detalhes, mas a empresa não pretende fabricá-lo. Isso acontece também com gigantes de tecnologia da informação (TI), que preferem manter sua altíssima rentabilidade sem correr grandes riscos em um mercado bem mais difícil e “perseguido”.
 
Aliás, espera-se um embate cada vez maior pelos dados dos usuários de veículos. Isso vai impactar de forma direta na rentabilidade do negócio de ambos os setores. A geração de informações será tão volumosa que seu processamento pode ocorrer a bordo e não em nuvem exclusivamente.
Outra tendência observada na CES foi o avanço da realidade aumentada (AR, em inglês). Trata-se da aplicação moderna de conceitos já conhecidos há tempos nos filmes em 3D. Um exemplo foi mostrado pela Audi no carro-conceito AI:ME, que promete revolucionar o modo como o motorista pode ver os obstáculos à frente em uma tela transparente antes do para-brisa.


 
Tecnologia semelhante apresentada pela Bosch para o problema de ofuscamento que o secular para-sol não resolve. A empresa recebeu um prêmio de inovação da CES por seu Visor Virtual, que integra um painel LCD transparente e uma câmera com inteligência artificial (IA) voltada para o motorista para detecção facial. Um software de análise e rastreamento escurece apenas a seção da tela em que a luz bate nos olhos.
 
Hyundai e Uber voltaram a apresentar a evolução de um “carro voador”. Na verdade, parece uma mistura de helicóptero e drone gigante, mas pode oferecer dentro de dois ou três anos uma alternativa de transporte expresso para distâncias curtas e bem menos ruidoso.
 
Maior impacto veio do sedã elétrico conceitual Mercedes-Benz AVTR, com muita e fértil imaginação pinçada do filme Avatar. O mais importante, no caso, foi a tecnologia de bateria de grafeno, capaz de diminuir drasticamente a necessidade de lítio e cobalto, além de carregar até 100% em 5 a 10 minutos. A empresa ressalvou que ainda pode levar 15 anos para se tornar viável. Curioso que 15 anos atrás o prazo era o mesmo.
 
O CES se tornou uma antevisão do que virá pela frente em termos de mobilidade. O cenário será outro com mais racionalidade nos deslocamentos, menos necessidade de estacionar e uso intensivo dos veículos, que terão de ser mais duráveis, mas a um custo maior. Cidades inteligentes surgirão, construídas a partir do zero, como propõe a Toyota, no Japão. Ou adaptações nos conglomerados urbanos existentes com a combinação de robôs de entrega e veículos autônomos, em rotas preestabelecidas, vislumbradas pela Ford.