Não nos restam dúvidas de que a pasta da Educação é uma das mais importantes para um projeto de País. Não apenas por seu capital simbólico, tendo em vista os investimentos ou sucateamento da área, mas porque podem, efetivamente, definir o presente e o futuro de uma nação.
Ainda lutamos contra problemas básicos, pois a educação nunca foi política de Estado.
Em nossa breve história navegamos, apenas, em pequenos projetos de governos que, de quatro em quatro anos, tentam refundar as políticas públicas da área. É como se, após cada eleição, inaugurássemos uma nova forma de conceber a educação e a destinação de seus recursos.
Nos últimos quatro anos assistimos a um desmazelo total. Corrupções, pautas meramente ideológicas, ministros sem envergadura político-acadêmica para ocupar tal cadeira, detentores de currículos mentirosos e de titulações inexistentes, com trabalhos plagiados. Ainda presenciamos perseguições políticas a Reitores e às Universidades, corte de verbas e sucateamento dos departamentos de pesquisa.
Enfim, anos sombrios que não deverão se repetir.
Nessa aventura inconsequente, continuamos amargando desafios estruturais: lutamos contra o analfabetismo, travamos batalha contra a evasão escolar, brigamos pela merenda na escola e o piso salarial dos professores ainda é o menor entre 40 países da OCDE.
Diante desse cenário, a escolha de um Ministro para a educação brasileira é um assunto que deveria ser o primeiro na escala de interesse da população. Em um país ideal, essa decisão política deveria estar lado a lado à escolha presidencial. O que quero dizer com isso? Que durante o pleito deveríamos nos orientar, fundamentalmente, pelos possíveis ministros ligados aos candidatos.
Essa seria uma pista muito importante, que serviria para orientar acerca dos caminhos e dos descaminhos nos próximos anos. Alguns teóricos dizem que, se desejamos analisar um futuro de qualquer país, em 20 ou 30 anos, bastaria olhar para o currículo escolar atual e, com isso, inferir, sem erro, acerca do destino de sua população.
A escolha de Camilo Santana como Ministro da Educação se mostra como um ato meramente político. Personagem em ascensão no Partido dos Trabalhadores, ex-governador do Ceará, navega na onda dos bons resultados escolares de seu Estado (apesar de muito criticados no meio acadêmico pelo foco exclusivo nas avaliações nacionais e pouco investimento em formação crítica). O escolhido do governo petista se ancora à sombra de pessoas como Cid Gomes e Izolda Cela, que irá acompanhá-lo nas funções de Secretária-Executiva. Essa sim, exímia conhecedora do assunto.
Ao contrário do que aconteceu com a Cultura, tendo Margareth Menezes à frente, ou os Direitos Humanos, na excelente escolha de Silvio Almeida, duas pessoas com notável expertise e notório saber nas áreas de atuação, a Educação, infelizmente, não foi recebida com o brilhantismo de alguém que se consolidou na luta pelos assuntos relativos à pasta a qual foi alocado.
A partir dessa escolha, resta-nos esperar que o novo Ministro consiga, ao menos, aglutinar pessoas competentes ao redor de si, com capacidade de gerenciar boas escolhas, buscando fundamentação técnica a partir de pautas pertinentes aos interesses da sociedade, se distanciando dos grandes grupos que veem na educação, apenas, a mais nova comodities brasileira.