A sociedade da imagem, potencializada pela incubadora de idiotas das redes sociais, aponta para uma grave questão ética relacionada à forma como compreendemos a subjetividade alheia, o corpo do outro e a história das pessoas que, na maioria das vezes, não conhecemos.
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Alguns adolescentes e jovens pegaram gosto pela coisa e distribuem imagens de gente em situação humilhante, obscena e violenta. Quase sempre, sem o consentimento daqueles que, a partir de um toque, estão com a face divulgada entre milhões de desconhecidos.
- Mas é só uma foto! Foi brincadeira! Disse o adolescente que compartilhou a imagem de um colega em uma situação humilhante. Não. Não é só uma imagem.
Na banalização de um gesto perverso, muitos não enxergam problema em utilizar o rosto e o corpo de alguém para provocar o riso dos outros. É a história de um indivíduo usada como deboche. São sujeitos que naturalizam a “desimportância por aqueles que não conhecemos”, afinal, imagem não sofre, não se angustia, não sente dor. Eles não conseguem ver a pessoa por trás da foto.
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A distribuição imoral de imagens, ao provocar uma espécie de descolamento ético, principalmente entre crianças e jovens, promove um distanciamento mecânico entre aquilo que é visto na tela do celular e sujeitos reais.
Pessoas irão crescer e se desenvolver na perspectiva de que a foto compartilhada não passa de uma realidade virtual e, por isso, não existe como vida, como história, como projeto de futuro pertencente a alguém.
Muita gente real, de carne e osso, se mata por causa disso. Pessoas perdem seus empregos. Muitos que não conseguem reconstruir a vida após um compartilhamento indevido de sua imagem. Vale lembrar: não são apenas retratos ou vídeos, mas pessoas que podem ter sua vida devassada.
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Literalmente, a decisão está em suas mãos e escorre pela ponta dos dedos.
Esse é apenas mais um passo do processo de desumanização encabeçado pela sociedade da imagem, que, sem a nossa consciência, não possui limites morais.