Jornal Estado de Minas

FILOSOFIA EXPLICADINHA

São João tem mais significado que a queima de bruxas do Halloween

 

O período junino é encantador. NesTa época do ano, somos motivados pelo tom festivo que aguça os paladares. São João, São Pedro e Santo Antônio nos abençoam com novas cores, convidando-nos a celebrar a beleza da vida comunitária. Mais que o carnaval, que já era festejado por outras culturas em outros tempos, talvez a festa junina honre, legitimamente, o título de cerimônia tipicamente brasileira.




 

Nesse folguedo celebramos a vida de uma forma honesta. Saboreando os frutos da terra, nos lembramos de nossa origem interiorana, sertaneja, rural. Nos versos de Renato Teixeira, imortalizados por Elis Regina, levantamos a cabeça ao assumir, com orgulho, o fato de construirmos uma nação "caipira, pira, pora, Nossa Senhora de Aparecida".

 

De todas as festas escolares essa é, sem dúvida, a mais importante. É aquela que mais ensina, forma e aponta para a incorporação de uma história que é só nossa, brasileira dos pés à cabeça. Apropriar-se das músicas, entender os significados e os ritmos, vivenciar a dança como manifestação de um corpo que é movido pela fé nas lutas diárias, mas também nos festejos coletivos, é uma das aprendizagens mais bonitas que a educação formal pode oferecer. 

 

De forma interdisciplinar, todas as disciplinas se encontram. A geometria das bandeirinhas, a matemática dos caixas, a história das culturas, a geografia das comunidades agrícolas, a linguagem dos povos e a ciência no preparo das comidas típicas. 





 

A criança que cresce e entende o valor simbólico do período junino, com sua estética e sua ética, com certeza será um brasileiro melhor. Menos afetado pelo complexo de vira-lata, esses brasileirinhos irão recusar o estrangeirismo infértil que tenta plantar, em nossa terra e em nossa alma, a sensação de que só devemos valorizar o que vem "de fora".

 

Se a escola de seu filho(a) dá mais valor ao Halloween do que à Festa de São João, desconfie da proposta pedagógica. Para uma criança, é bem mais significativo aprender que fogueiras servem para assar batata-doce, iluminar as noites escuras e esquentar os corações, que assimilar sua utilização ao gesto de atear fogo em mulheres, erroneamente chamadas de "bruxas".