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Estado de Minas FILOSOFIA EXPLICADINHA

Filosofia epicurista: aprenda a viver de forma barata

Uma pessoa de vida barata é percebida a quilômetros de distância. Seu passo é leve, seu olhar é calmo e suas palavras são fonte de alegria


29/08/2023 11:57 - atualizado 29/08/2023 12:20
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Podemos viver mais com menos?
Podemos viver mais com menos? (foto: Pierre-Henri de Valenciennes. O Jardim de Epicuro )

 

Busque uma vida barata e sem maiores sofrimentos. Você será feliz? Não sabemos. Essa pergunta é tão ampla e cheia de variações que alguns dizem que o próprio pensamento a respeito dessa questão já nos tiraria a inocência, fator fundamental para o caminho da felicidade.

 

Complicamos demais. Inventamos coisas caras e nos esquecemos de que o dinheiro só serve para nos aproximar daquilo que, na verdade, queremos ter de graça. Perceba que não falo aqui de um empobrecimento da vida, estado indigno para qualquer pessoa, mas de baratear o custo da existência mesmo.

 

Não é sobre viver de forma zen, em harmonia com o cosmos, com dietas planetárias, buscando a simplicidade das pequenas coisas. Geralmente isso custa caro. Motivo pelo qual somente quem já tem a subsistência garantida embarca nessas filosofias exotéricas.

Apresento, aqui, uma filosofia marginal mesmo. Coisa de gente comum, tipo você e eu. Atividade prática: por que se acostumar com cerveja artesanal, se você pode continuar tomando o néctar de cevada deixado pelos seus ancestrais? Alegria bem mais barata e que cumpre a função direitinho.

 

O filósofo Epicuro ficou conhecido por decidir viver e construir o pensamento dele a partir da experiência de um jardim. Cultivar ideias como se fossem plantas, eis a proposta fundamental. Viver com tudo aquilo que o ambiente do quintal da casa era capaz de fornecer, do alimento às experiências de convívio, pois o “que queremos nem sempre é aquilo que precisamos”.

 

Nunca se esqueça de que o grande problema não é trabalhar demais, dever muito e ter pouco tempo para apreciar a preguiça. O que causa sofrimento é ter uma existência cara. Encarecemos a vida diariamente e, com isso, vamos nos perdendo no reino das coisas e dos sabores que não necessitamos de verdade.

Uma pessoa de vida barata é percebida a quilômetros de distância. Seu passo é leve, seu olhar é calmo e suas palavras são fonte de alegria. Trafega pelas ruas com o charme da indiferença diante de outdoors coloridos e vitrines iluminadas. Carrega a certeza de que nenhum evento midiático é capaz de tirá-lo da zona de conforto, pois sabe que as piores coisas da humanidade começam com a frase “eu topei o desafio”.

 

Ao contrário, aqueles que vivem uma vida cara caminham pela Terra como se carregassem o peso de todos os boletos do mundo. Acreditam que ousadia e coragem são medidas pelo poder de compra, pensando que o universo é uma máquina que conspira a favor daqueles que trabalham enquanto outros dormem. Afinal, todo vazio existencial termina em burnout ou em crossfit.
 

Por isso, deixo o recado filosófico de hoje: curta, pois existir é um barato único, individual e instransponível.    

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