Tudo bem que decidi me distanciar da política. Pode chamar de alienação ou de qualquer outra coisa, mas creio que todos chegam nesse momento da vida. Descobrimos que não vale a pena gastar tempo ouvindo sobre conjunturas partidárias, pois nossa opinião não interfere na vida de nenhum Estado.
Com o tempo, percebemos que todas as decisões são orientadas pelos players do mercado e seus oligopólios. Assim, concluímos que a politização da vida é apenas uma forma de arrumar inimizades. Nunca vi ninguém mudar seu posicionamento ideológico debatendo com outras pessoas.
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Mais estranho que um Governador do Partido Novo falar em aumento de impostos é o fato de colocar a cerveja como um item supérfluo. Inacreditável. No mínimo, esse tipo de pensamento deve ser rechaçado com a mais estrondosa convulsão social.
Será que o Governador não sabe que a cerveja é o único elemento capaz de promover a paz entre as classes sociais? Bebida acessível nas mesas dos DCE’s e DA’s universitários, ela foi capaz de impedir atitudes violentas, canalizando todo o furor revolucionário para debates intermináveis, varando madrugada, recheados de citações foucaultianas, marxistas e existencialistas.
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Poucos sabem que um dos fatores preponderantes para a civilização foi fato de que, por volta de 9.000 A.C., deixamos de ser nômades e começamos plantar cevada. Os sumérios, por exemplo, há mais de 5 mil anos, deixavam seus pictogramas em vasos de barro. A tecnologia mais avançada da humanidade, a escrita, foi descoberta entre registros de práticas de caça e (pasmem!) receitas de cerveja. É o que afirma Stephen Tinney, da Universidade da Pensilvânia. Logicamente, a criatividade humana se debruça sobre aquilo que ressalta aos olhos em escala de importância.
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Na idade média, por exemplo, era difícil encontrar água potável. A taxa de mortalidade era muito grande devido a doenças como a cólera, por exemplo. Se não fosse a cerveja, o mundo ocidental poderia ter conhecido seu fim naquele momento histórico. Pois, mesmo feita com água poluída, ela servia para matar a sede. Sua fermentação ajudava na manutenção de muitas vidas.
Ainda bem que existem pessoas como o filósofo americano Edward Slingerland, que em seu livro Drunk - How We Sipped, Danced, and Stumbled Our Way to Civilization mostra como nós, seres humanos, passamos de “primatas egoístas e desconfiados para “grupos que aprenderam a estreitar os laços sociais”. Tudo isso devido à inserção da cerveja em nosso cotidiano. Já imaginou as festas de família sem álcool? Seria o caos.
Mas é querer demais que, alguém que já afirmou não conhecer Adélia Prado, saiba sobre isso tudo, não é?
Governador, reveja seus conceitos! Aceite o fato de que todos nós temos álcool em comum.