DA ARQUIBANCADA

Atlético precisa parar de errar gols para voltar a vencer

Sem balançar as redes, o ataque do Galo necessita de mudanças. Di Santo desencantou e merece ficar no time. Bruninho é outro que precisa de oportunidade

Fred Melo Paiva
Di Santo marcou o primeiro gol pelo Atlético cntra o Botafogo e merece continuar no time - Foto: Bruno Cantini/Atlético


Depois da quarta derrota seguida no Brasileiro, só nos resta, de fato, torcer para o estádio, como fez a Galoucura na Câmara Municipal. Bons tempos aqueles em que ainda havia a candidata a Miss Brasil atleticana, a participante do BBB atleticana. Ou mesmo uma Dilma atleticana contra um Aécio cruzeirense. Agora, nem isso.

Diante do ocaso no Brasileirão, mais um, o negócio é torcer para que Cazares seja vítima do falso testemunho das mulheres que o acusam de agressão (e se não for, tchau, querido). Torcer para que a Caixa Econômica Federal quebre o Corinthians. Torcer para a Polícia contra o Cruzeiro. Torcer para a cizânia total de seu elenco, Thiago Neves contra Ceni, Ceni contra Fred. Se um cheque de R$ 10 milhões estiver  pendurado no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento.

Resta também torcer para que o Flamengo contrate Dedé.
E, claro, torcer sempre e com todas as forças pela derrocada do Flamengo. E do Dedé. Torcer para o Grêmio. Viva a Geral! E, depois, que peguem Jesus para Cristo e que tudo degringole, fruto da urucubaca que jogamos nesse pessoal desde o assalto de 1981. Por enquanto, que inalem o cheirinho. O cheirinho da Loló. Quando acordarem do transe, o vexame estará feito.

Estamos empacados nos 27 pontos. A mesma distância nos separa do líder e da zona de rebaixamento. Ou seja, danou-se. Preventivamente, já torço pelos 45 pontos. Que lamentável. Contra o Internacional, amanhã, não se deveria poupar ninguém. Uma derrota e o clima que se pode instalar a partir disso serão mais prejudiciais para o primeiro jogo da semifinal da Copa Sul-Americana, na quinta, do que a eventual contusão ou o cansaço de um e outro.

O Inter chega para este jogo totalmente focado na decisão da Copa do Brasil, contra o Athletico.
É, pois, contra nós, um franco-atirador, com todos os riscos que isso encerra. O Galo esteve bem contra o Botafogo e perdeu. A função de um técnico, bem ensinou o argentino Bielsa em um vídeo que viralizou, é fazer com que uma equipe crie situações de gol. Colocar a bola pra dentro não é exatamente com ele, mas com os jogadores, em especial os atacantes.

Por estar inoperante, o ataque do Galo necessita de mudanças. Saiu o encosto de Di Santo, é a sua hora. Talvez Bruninho mereça de fato uma chance mais assertiva, jogando ao lado dos titulares. No meio, é lamentável perdermos o Jair, outra vez machucado. Ainda mais lamentável é a opção por Zé Welison.

Atrás, há esperanças: contra o Botafogo, Igor Rabello saiu do chão pela primeira vez desde que chegou ao Atlético. Pena que foi para cometer o pênalti quando compunha a barreira e abriu a asa (os jogadores precisam ser informados da existência de uma coisa chamada VAR). Aliás, a jogada começa com Zé Welison errando no meio, contra-ataque, falta, pênalti e expulsão.
Obrigado, Zé Welison. Há de ter alguém na base, não é possível. Ou que se adiante um zagueiro.

Quinta-feira, aí sim, podemos voltar a torcer como de costume, sem depender da nossa torcida por vereadores que tiveram a cretinice de vincular a votação da liberação do estádio do Galo ao projeto Escola Sem Partido, essa bizarrice parida por gente que acredita em mamadeira de piroca. Viva a Galoucura, abaixo a ditadura!

Contra o Colón, na Argentina, faremos o primeiro jogo mais importante de 2019. O Atlético gosta da Argentina, historicamente não se curva à pressão de seus torcedores, vai bem. Já tirou o Boca na Bombonera (com Maradona rodando a camisa nas tribunas), já meteu no Arsenal de Sarandi. O Galo é o time mais argentino do Brasil, e isso significa ter garra sem faltar respeito, ter estratégia e não perder a cabeça. Jogar e saber colocar a bola na casinha. Que assim seja.


.