Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

O vento norte me sopra nos ouvidos: seremos campeões. Vamo, Galo!!!

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Argentina, Bolívia, Chile, México, Estados Unidos – egressos de alguma insuspeita Sierra Maestra, os comunistas liderados por George Soros tomaram de assalto a América, valendo-se do vírus chinês. A Terra plana também dá voltas, taí o frisbee que não nos deixa mentir. Com a chegada de Vargas, ainda que Eduardo em vez de Getúlio, o Galo se firma como a seleção da Ursal, a União das Repúblicas Socialistas da América Latina, da qual Sampaoli possui plena cidadania.



E, atenção: futebol não se mistura com política. O ex-presidente do Atlético não disputou o segundo turno das eleições contra o ex-goleiro do Galo, Kalil não virou prefeito, a ditadura não se valeu da Copa do Mundo de 70, Zezé Perrella nunca foi senador, e os Menin fazem apenas mecenato, ora para o Atlético, ora para João Vitor Xavier, nada a ver com política, claro.

Apesar disso, de repentemente este escriba se viu cheio de uma esperança renovada. Why, sô? The answer, my friend, is blowing in the wind, é o vento norte, mister Bob Dylan! E o que se pode fazer se as coisas se misturam inadvertidamente, e a esperança me invade o coração, essa víscera 100% Galoucura, alvinegra até a membrana mais profunda de suas válvulas de escape? O vento norte me sopra nos ouvidos: seremos campeões. La garantia soy yo!

Biden virou na Georgia. Trump passará o bastão? Apenas Maceió resiste: uma carreata “Fora Biden” promete tomar as Alagoas neste domingo. A extrema-direita está em colapso, o Twitter baniu o Steve Bannon. Em pouco tempo, a extrema-direita nos remeterá apenas a Savarino, enquanto Harry Keno estará aberto pela extrema-esquerda. O centro será de Vargas, cujo nome é trabalho.

Nessa hora, todo o sufoco será passado – página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória. Tudo que se perdeu se ganhará em dobro. A virada terá sido na Georgia, homônima da recém-nascida de Zero Dois, que não gosta da gente, mas sua filha irá gostar. A virada terá sido no Mineirão lotado da nossa esperança, diante do Flamengo da ditadura, o Flamengo de Walter Clark, contra o qual sempre ergueremos o punho cerrado do Rei.



Achou que ia ser fácil? Viu o comentarista na tevê prevendo o Galo campeão depois de bater Fluminense, Bahia, Sport, Palmeiras e Flamengo? Vai, bobo. O dia em que o Galo ganhar será mais do mesmo: épico, a própria jornada do herói, aos 52 do segundo tempo, Leo Silva redivivo fazendo a parábola impossível, El Tanque deslizando na avenida, a chance perdida, o disjuntor que cai, o Guilherme batendo de fora da área, o Edmonstro fazendo de ombro, o descarrego de igreja evangélica nas arquibancadas ainda que vazias. Não é milagre, é Atlético Mineiro.

O dia em que a gente ganhar, será no último delegado, a virada na Georgia no último giro do relógio. Porque quando você merece pouco, você ganha fácil. Mas quando você merece tudo, aí é que o arrebatamento vem poderoso. A gente não gosta só de ganhar, a gente gosta de ganhar de um jeito que Deus e o diabo acabam juntos na Galoucura. E até o cruzeirense torce secretamente por nós, porque não há polarização que resista aos votos do amor.

O Galo vai ganhar essa joça. Eu sinto. Se o velho Biden esperou 150 anos, nós não completaremos os 50. Chega! Não passarão! Se eles vêm com rachadinhas, responderemos íntegros e completos, com o Tardelli e com tudo. Acabo de ver o Menin e o Ricardo Guimarães em visita à sede da CBF. Cada qual com a sua amarelinha, beca dessa gente estranha, cruzes, afasta de mim esse cálice! Em todo caso, se estamos nos preparando para o milagre, é bom que se tenha interlocução com o demônio.

A seleção da Ursal não perde mais. A bola vai morar na casinha. O ataque é a melhor defesa. The answer, my friend, is blowing in the wind, the answer is blowing in the wind.