Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Nada melhor que um 9 a 2 histórico do Galo no clássico

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De volta à Terra em transe, depois de férias pandêmicas, encontro-me totalmente renovado. Também, pudera: fui da cozinha à sala de estar, do quarto ao banheiro social, fiz escala no lavabo, banhei-me nas águas do chuveiro, mergulhei na pia repleta de louças, visitei meus próprios museus em arrumações de tranqueiras infinitas, escalei montanhas de roupas sujas, varri com a destreza de um Tiger Woods, usei o rodo como o atleta de curling na luta pelo ouro olímpico, aspirei com a fúria de um playboy nas baladas de Jurerê Internacional.


Sem contar a descoberta de uma nova e fascinante gastronomia, assinada por mim mesmo, e que tem no bife solé de sapaté o seu carro-chefe. Recomendo a todos que também saiam de férias.
 
Aqui na Terra estão jogando futebol. Tem muito samba na casa do governador do Rio de Janeiro, muito choro e pancadão. Mas o que não se pode dizer é que a coisa aqui tá preta – ao contrário, tem até supremacista branco tirando onda na televisão.

Eu já começava a me preocupar com os mais de 4.200 mortos todos os dias, quando Rubens Menin veio em meu socorro: “Me deu tranquilidade”, revelou o dono do Atlético (chega de eufemismos) depois de jantar camarão e Veuve Clicquot com o genocida em seu palácio.

Respirei aliviado, ainda mais certo de que não haverá taxação de grandes fortunas. Ufa! Minha Suzuki Grand Vitara 2011 está a salvo, e tenho agora a segurança de que poderei quitá-la em paz! Obrigado, papai Menin, se espirrar, saúde!
 
Vamos, pois, ao que importa: o Clube Atlético Mineiro. Pouco antes de sair de férias para viajar (na maionese), foi anunciada a volta de Cuca. Torci para que fosse mais um dos retornos triunfais de Cuca Beludo ao noticiário, mas era mesmo o senhor Stival.


Fora o que ele fez no verão passado (e bota verão nisso), eu não estava preparado para o Cucabol, confesso – o pouca-telha me obrigara a arrancar os cabelos, mas o que lateja até hoje é a dor de cotovelo deste corno manso. Não se pode negar o quanto fomos felizes com Leonardo Silva de centroavante, mas Igor Rabello demanda um coração melhor preparado, ou as pontes de safena ruirão como castelos de areia.
 
Chegou também Nacho Fernández! Aí, sim. Já vislumbro Nacho no lugar de Renato Dramático em meu time de botão. E ao lado de Ronaldinho, sabe-se lá como, no Galo de todos os tempos: Nacho, Ronaldinho, Reinaldo e Éder. Passo os olhos no sorteio da Libertadores. Para quem nasceu com o fiofó virado pro sol, ficou de ótimo tamanho.

Mas não se iluda, meu caro amigo: o Cucabol é um roteiro piegas que inclui derrotas improváveis, viradas sobrenaturais, pênaltis aos 48 do segundo tempo, Igor Rabello com a 9, terços lançados ao chão, preces a Nossa Senhora, o adversário puxado pelo pé por defuntos variados. Yes We CAM! Não é milagre, é Atlético Mineiro! Que no final disso tudo o senhor Stival possa acabar com o nariz enterrado na grama.


 
Antes, porém, vamos às preliminares. Amanhã mesmo temos um Atlético e Crüzëirö. Se eu fosse papai Menin, aproveitava esse espírito de afinidade com o genocida e aniquilava o arquifreguês. Um bicho robusto, daqueles que se paga em título de campeonato importante, se repetir o 9 a 2 eterno.

Durante a pandemia, o Brasil bateu o recorde de bilionários e também de famintos (os primeiros passaram a somar 20 pessoas, Menin incluso, os últimos, 19 milhões, segundo a “Forbes” e a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). Quando o Galo ganha do Crüzëirö, faz-se a justiça social. Vai, Rubão, tira esse escorpião do bolso, sô!

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Depois da estreia no Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires, o documentário “Lutar Lutar Lutar”, sobre a história do Galo, acaba de ser selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Rotterdam, um dos mais importantes da Europa. O filme é dirigido por Helvécio Marins Jr. e Sérgio Borges, e tem entre seus produtores e roteiristas este afortunado escriba. O Galo é do mundo!