Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Com a GaloVac, vamos receber hoje mais uma dose de esperança

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Ânimo, pessoal! Agora, sempre que digo isso, me vem à mente a figurinha de WhatsApp do ex-ministro da Saúde Nelson Teich, aquele cujo semblante convidava o país ao suicídio coletivo. Mas não é o caso: ânimo, pessoal, o Galo ganhou! Chegou a vacina contra a desesperança!

A primeira dose foi aplicada na terça passada, com a vitória sobre o América de Cali. A segunda é hoje, contra o Tombense. E a terceira na terça-feira, diante do Cerro Porteño. Seu índice de eficiência é de 100%, cura de bursite a problemas no casamento. O único senão é a validade de uma semana.



Devagar com o andor, que esse Galo é de barro: não nos iludamos, senhores, embora o louvor principal da Igreja Universal do Reino do Galo seja o “Eu acredito” – e um de seus dogmas fundadores, justamente deixar-se iludir. Galo ganhou? “Vai ser campeão!” Hulk fez dois? “É o melhor do mundo!” Tardelli fez um golaço no treino? “É o segundo melhor!” Mas o time tá jogando mal... “É bom que vai crescer na hora certa!” Está a anos-luz do Flamengo... “Vai ser a vingança de 1981!” E assim vamos nós: “Quando se sonha tão grande, a realidade aprende”. Gaaaaaaaloo!

Embora com os dois pés à frente, o dever de ofício obriga este jornalista ao alerta: bom ficar com um pé atrás – a GaloVac tem eficiência comprovada, mas, por ora, sua aplicação segue aos cuidados da enfermeira falsa de Belo Horizonte, sempre uma incógnita aquilo que se está a intubar.

A esperança reside no efeito sempre benéfico de algo que se torna inevitável diante da nossa passionalidade de atleticano doente, essa redundância: o barraco. Somos afeitos a ele e, modo geral, suas consequências são positivas – quando não, a chave do sucesso.

O Hulk não vinha bem. O Cuca não vinha bem. O Hulk alfinetou o Cuca. O Cuca alfinetou o Hulk. Armou-se o barraco. O Hulk gravou um vídeo no estilo Falsiane. O Cuca deixou o Hulk no banco, o Vargas deve ser o craque do rachão. O Hulk fez dois gols. O Cuca tá salvo. Me lembrou o Ronaldinho tretando com o Kalil antes de um jogo contra o Vasco pelo Brasileiro de 2012. Ronaldinho não ia mais vestir a camisa do Galo. Depois da treta, ficou. Ronaldinho virou o “menino bonzinho”. Kalil, o “papai”. E deu no que deu.



Cuca venceu a Libertadores com o Galo em 2013. A despeito do vexame no Mundial, teria retornado agora como ídolo inquestionável. Mas como seu passado o condena, as atleticanas aguerridas e conscientes adiantaram suas linhas e passaram à marcação por pressão.

Cuca não terá folga, está preso neste barraco de proporções humanitárias. Para se redimir, terá de adotar outra postura frente ao fato consumado, ainda que em tempos idos – e vai ter de ser campeão de novo, porque a legitimidade da cobrança cassou a carteirinha de ídolo inconteste. Há males que vêm para mal, mas há outros que são oportunidades para se fazer pessoas melhores.

Hoje o Galo enfrenta o Tombense pela semifinal do Mineiro. A depender mais da postura em campo do que dos três pontos, a vitória será uma dose significativa de reforço da GaloVac.

O revés ou o jogo sem evolução têm efeitos colaterais ainda não identificados – Cuca só não vai virar jacaré porque, a valer-se do Sítio do Pica-Pau, já é um exemplar da espécie. Contra o Cerro, no meio de semana, é quando a onça bebe água: ou estaremos devidamente vacinados contra a desesperança, ou essa bucha é cloroquina. A ver.