O atleticano não chega a ser supersticioso como o botafoguense, convicto de que "há coisas que só acontecem com o Botafogo". Mas nós atleticanos também enxergamos os sinais. O dia de hoje, 13, foi o dia do Manto da Massa, esse amuleto que a instituição do marketing nos oferece. O cabaré em chamas e já acordamos nós nos trending topics do Twitter, que doença. 13 é também o galo no Jogo do Bicho. Tava tudo dominado.
Só as bestas têm o Crüzeiro por "La Bestia Negra" da América do Sul. Sem querer puxar a sardinha pro Galo, mas, se existe esse capeta, ele veste preto e branco, vide 2010, quando o Atlético tirou o Boca na Bombonera, com Maradona rodando a camisa igual a Janaína Paschoal. Em 43 vezes que enfrentou os argentinos, venceu 19, empatou dez e perdeu 14. Fez 69 gols e sofreu 56.
Esse capiroto, no entanto, foi hoje, esteve acovardado. Sem seu imprescindível jogador, o torcedor xeneise, o Boca não disputava uma partida desde fins de maio. Era um time comum e sem ritmo. Ainda assim, o Galo deu um chute a gol em cada tempo, muito aquém do que poderia fazer.
Humildade, meu amigo, é tudo nessa hora. Não se lamenta empate com Boca Juniors na Bombonera, bem sabemos. Mas tivesse ganhado de um, de dois ou de três, a peleja não estaria decidida semana que vem - um zero a zero é, portanto, placar perigosíssimo. Fosse 2 a 0 contra e este escriba estaria tranquilo, pois certo de que funcionaria de novo a nossa senha pra falar com Deus. Ela agora está bloqueada.
Sem ter acionado o homem lá em cima, o sósia de Karl Marx, agora é nóis com a gente mesmo - dia 13 já foi, e eu já gastei o dinheiro do aluguel na aquisição de dois Mantos da Massa, nossa armadura que não chegará a tempo de nos proteger da guerra, se é que chegará. A Argentina já contou com minha torcida na Copa América, visto que sou um dos fundadores do Movimento Corrente Pra Trás, com pelo menos 8 milhões em ação. Agora é hora de cobrar a fatura.
Ao que me pareceu, basta botar a bola no chão. Sempre que trocou passes com ousadia e segurança, o Atlético envolveu o Boca, como tem feito nos triunfos do Brasileirão, ainda que com esses 1 a 0 que falsamente se assemelham à feiúra de um time do Carille. Ao contrário, o toque de bola - por enquanto em estado de lampejos - tem feito o Galo relembrar o futebol brasileiro antes de o fascismo ter se apropriado de sua camisa, uma lástima.
Pois bem, esta será uma semana de 30 dias. Chegará a Proclamação da República e não chegará semana que vem. No lugar do Cuca, eu miraria no exemplo do que não fazer - miraria em La Bestia Negra, que ia jogar na Argentina e mais do que voltar se achando, voltava se tendo certeza, depois de uma vitória magra ou um empate fajuto. E dava no que dava. Distraídos, como queria o poeta, empataremos. Atentos, muito atentos, venceremos. Que assim seja, amém.