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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

''Os fascistas do futuro''. Ou por que o Flamengo reclama da arbitragem

O necessário neste momento é: jogadores e diretoria não podem entrar na pilha dos bastidores. Farão de tudo para desestabilizar emocionalmente o time


16/10/2021 04:00 - atualizado 16/10/2021 07:31

Juiz marca pênalti no jogo entre Atlético e Santos
Flamenguistas, vejam só, sentiram-se prejudicados pela arbitragem do jogo entre Atlético e Santos - aquele em que houve quatro pênaltis a favor do Galo e apenas dois marcados pelo VAR. (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


O fascismo tem por método a apropriação de termos do discurso de seus opositores, de modo a confundir os incautos. Vem daí a frase jamais dita por Churchill, esse par da Clarice Lispector no Facebook: “Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas”. Ela já foi atribuída também a Saramago. Fake news. No Brasil, foi publicada por Eduardo Bolsonaro, prova de que a mensagem, em si, está correta – ainda que a fonte sugerida por Bananinha seja o pobre do Churchill.

Assim, o golpe militar de 1964 foi chamado pelos milicos de “revolução”, da mesma forma como se nomeou a Revolução Cubana cinco anos antes. No Brasil atual, o presidente fala em “liberdade” sempre que ameaça a democracia.

Como na música dos Ratos de Porão, Carluxo credita toda a inoperância do governo à constatação de que seu clã está sendo “crucificado pelo sistema”. Já dizia o Tom Zé, “eu tô te confundindo pra te esclarecer”.

Pois bem, faço essas digressões porque os flamenguistas, vejam só, sentiram-se prejudicados pela arbitragem do jogo entre Atlético e Santos – aquele em que houve quatro pênaltis a favor do Galo e apenas dois marcados pelo VAR. É risível, se isso não fosse método e não tivesse consequências reais.

Daqui a pouco dirão que o Flamengo joga contra tudo e contra todos, vão reclamar da Globo e da CBF, e relembrar sua história de reiteradas injustiças e tanto sofrimento.

O vice-presidente jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, é um dos responsáveis por protelar o pagamento de indenizações às famílias dos meninos mortos no incêndio do Ninho do Urubu, que não proporcionava segurança para o trabalho dos atletas de base.

No Twitter, cobrou punição ao Atlético: “Quando o clube mandante não proporciona segurança para o trabalho da arbitragem, quando invadem ou tentam invadir a sala onde se pratica a arbitragem por vídeo, a consequência só pode ser uma: perda do mando de campo e punição severa dos invasores/agressores”.

Flamenguistas não gostam de ser lembrados de que sua história de títulos começa apenas em 1980, quando ganharam do Atlético, roubado, a final do Brasileiro. E que o assalto se repetiu na Libertadores do ano seguinte, em jogo considerado pelo jornal inglês The Guardian como “o maior roubo da história do futebol”. Se o Mundial é produto desse roubo, digamos que também foi roubado.

A ditadura tinha Reinaldo como inimigo, e já havia operado para tirar o campeonato do Galo em 1977. Vislumbrou nos títulos inéditos do Flamengo um efeito parecido com a vitoriosa Copa de 70, ainda que já tivesse ingressado numa irreversível decadência, o que impedia um novo Pra Frente Brasil.

Das tribunas do Maracanã, em 80, o ditador Figueiredo declarou torcida para os cariocas. O clube deixou-se usar pelos generais e, com experiência no assunto, faz o mesmo com Bolsonaro – cujo sonho de vice para as eleições de 22 é o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim. Esse povo se cheira.

Daqui pra frente, tudo se fará contra o Galo e a favor do Flamengo, tanto no Brasileirão como na Copa do Brasil. São outros tempos, no entanto. Não se resolve um campeonato apenas escalando José Roberto Wright ou José de Assis Aragão.

Há inúmeras câmeras captando cada espaço do campo, existe o VAR e toda uma profissionalização do esporte que acaba por rechaçar esse tipo de expediente – vide o resultado do jogo contra o Santos, um 3 a 1 pra nós apesar dos dois pênaltis que não foram dados e nem explicados.

O que me parece necessário neste momento é: 1. Jogadores e diretoria não podem entrar na pilha dos bastidores. Farão de tudo para desestabilizar emocionalmente o time, e sabemos como somos bipolares e afeitos a isso, parte incontornável da nossa história, marcada pelos assaltos de 77, 80, 81, 99, 2012... 2. Uma gestão apropriada junto a duas instituições cariocas: a CBF e o STJD. Olho neles! Na bola, dexezvin.

***
Não falarei nada sobre o “Crüzëirö”. Em solidariedade aos seus trabalhadores, estou de greve. Deixo apenas uma pergunta sincera: o curso de gestão do futebol apresentado por Sérgio Santos Rodrigues em Portugal era de verdade, ou se tratou apenas de uma piada de português?

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