Nesse período, fizemos quase uma centena de entrevistas, pesquisamos e reunimos uma montanha de imagens históricas, redescobrimos sambas e marchinhas monumentais. Sobretudo, nos deparamos com a história de uma utopia. O Galo, meu amigo, não é um time de futebol – é a esperança de um mundo melhor.
Ao contrário do que viria a ser depois o clube dos italianos, ou diferentemente daquele em que só podia o rico, o Atlético era o time de todos. O time da cidade, a costurar o tecido social de uma Belo Horizonte que acabara de nascer.
Em 1929, o Atlético fundou a primeira torcida organizada que se tem notícia – a torcida feminina do Galo. De certa forma, como eu disse lá em cima, o Galo nasceu e se fez na utopia de um mundo melhor e mais justo. Uma utopia pela qual sempre se vale a pena lutar.
“Seja injusto com qualquer agrupamento humano”, diz este escriba numa passagem do nosso doc, “e ele se tornará forte, e vai achar forças pra vir pra cima”. O atleticano como o conhecemos hoje nasceu dessa resistência pacífica mas contundente e insuperável. Na luta, criamos a mística de uma atleticanidade que prescindia de títulos. Bastava a camisa pendurada no varal durante a tempestade – nossa armadura.