Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Corneta na Veia, aqui me tens de regresso! Ajuda aí, meu Galo!!

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Mas é que se agora, pra fazer sucesso, pra vender disco de protesto, todo mundo tem que reclamar – eu vou tirar meu pé da estrada, e vou entrar também nessa jogada, e vamo vê agora quem é que vai guentá! Fiz o estandarte com as minhas mágoas, usei como destaque a tua falsidade, do nosso desacerto fiz meu samba enredo. Corneta na Veia, aqui me tens de regresso! E suplicante lhe peço a minha nova inscrição.



A maior virtude e novidade do Galo ano 20 modelo 21 era a forma implacável como vencia. Impávido que nem Muhammad Ali, tranquilo e infalível como Bruce Lee. Ia, via, e vencia. O resumo dessa ópera foi visto na Bahia do axé do afoxé Filhos de Gandhi no dia 2 de dezembro passado, Dia do Samba e do advogado criminalista. Adiantou nada costurar a boca do sapo. Matávamos a pau.

Matávamos a pau porque éramos – somos – implacáveis na frente, e éramos – éramos – intransponíveis atrás. De repentemente, como que na calada da noite, nossa retaguarda dá pinta de assemelhar-se ao futuro próximo da Serra do Curral, de paredão a queijo suíço, esse canastra piorado. Você ouve os sinais? Sim, eu ovo.

Esse jogo não é um a um, e nós, Cornetas na Veia, avisamos: se o meu time perder, tem zum-zum-zum. Esse jogo não pode ser um a um. O meu clube tem time de primeira, sua linha atacante é artilheira, a linha média é tal qual uma barreira. O Hulk corre bem na dianteira, a defesa é segura e tem rojão, e o goleiro é igual um paredão. É encarnado e branco e preto, é encarnado e branco, é encarnado e preto e branco. Posso crer, amizade?

Um empate pra mim já é derrota. Eu confio nos craques da pelota, e o meu clube só joga pra vencer. Qualquer coisa diferente é golpe! E não vai ter golpe – ainda que os últimos lances tenham sido a crônica do golpe anunciado.



Graças a Deus, que na terça-feira passada se interrompeu esse negócio de “Make América Great Again”. Verdade que foi um sufoco danado quando da invasão do nosso capitólio defensivo (caramba, o 2 a 0 a favor agora é a senha para o inimigo falar com o rabo de seta, o homem lá embaixo?).  Àquela altura já tinha rolado a tentativa de deposição do Guga, com VAR e com tudo. Golpistas!

A vitória conseguida a fórceps, mesmo com a cesariana do Guga, inaugura a nova e alvissareira fase, em concomitância com a inevitável queda do Palmeiras logo menos e a inestimável colaboração de Jorge Jesus, esse Judas que o flamenguista ama tão ou mais que José Roberto Wright.

Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão-preto, eu tô voltando. Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama, eu tô voltando. Make Lula President Again! 13 é Galo!

A estratégia para a peleja de hoje tem de ser a do Galo implacável: aperta e confirma! O tabu está aí para ser mantido: 874 jogos de invencibilidade, última derrota na final do Decacampeonato de 1925, informa o WhatsApp da família brasileira, dos homens de bens. Sem Vargas e as leis trabalhistas! Mas com o Jair que desarma, o único que a gente respeita. Vamo que vamo, que atrás de morro vem morro – a não ser que haja um Copam a nos impor um 8 a 4, o nosso 7 a 1 de todo dia, amanhã tem mais.

Ao fim e ao cabo, jogue suas mãos para o céu e agradeça se acaso tiver alguém que você gostaria que estivesse sempre com você. Refiro-me, claro, a Savarino. Meu amigo, não estou disposto a esquecer seu rosto de vez, e acho que é tão normal. Obrigado por tudo! Agora que finalmente viramos a Venezuela, achei que estivesse se sentindo em casa e que aqui ficaria para sempre. Boa sorte, camarada, hasta la victoria siempre!

***

Fernando Paiva, meu amigo querido, por que você foi tão cedo? Você jamais deixaria um amigo rechear um texto de jornal com letras de música, ainda mais na manchete, que horror. Agora estamos sozinhos e desamparados. Papaiva, você foi um grande cara! Descansa em paz.