Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Só resta chamar por ele: Denooooooodo!!!

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Quando este escriba jogava futebol de salão no América (jamais ganhei do Atlético, do que me orgulho muito), havia um treinador que gostava de pedir por denodo.

“Denooooooodo!!!”, gritava o senhor à beira da quadra, já em idade um tanto avançada. Nós, meninos, ficávamos a nos perguntar o que seria tal instrução, ou mesmo se havia entre nós alguém chamado Denodo.



Éramos um time realmente lamentável, até para os padrões dos piores Américas.

Certa vez perdemos em casa por WO, porque o moço da Kombi esqueceu de buscar a gente. De qualquer maneira, a culpa – ou a solução – era sempre do Denodo, esse elemento-surpresa que permanecia oculto e misterioso.

Um dia alguém mais letrado decidiu consultar o Aurélio. Em seu português macarrônico, o nosso Joel Santana estava a pedir por “bravura, intrepidez, coragem, atitude arrojada, brio” e até “violência”. “Hummm”, pensei comigo, “esse véio desgraçado tá achando que a gente joga sem raça”.

O véio, cujo nome não me lembro, manjava nada de bola. Não havia jogadas ensaiadas, suas estratégias eram todas furadas, escalava mal, substituía pior ainda, lia o jogo todo errado. E no final botava a culpa no pobre do Denodo. Parecia Gepeto, o velhinho bonachão e gente boa que construiu o Pinóquio. Ainda assim tratamos de derrubá-lo o mais rapidamente possível.



Na quarta-feira passada, o Galo abdicou da luta. O raro leitor sabe que somos Galo porque o galo-de-briga, então liberado, lutava até morrer, sem desistir nunca, sem afinar jamais. Na quarta, o Galo forte e vingador recolheu-se à retaguarda, medroso,
irreconhecível. “Denoooooooodo!!!”, pensei apavorado. Na beira do campo, o nosso Gepeto permanecia mudo. Melhor faria o véio do Mequinha, a clamar pelo elemento-surpresa que poderia salvar a pátria de chuteiras.

Sem jogadas, sem estratégia que fizesse mais do que a retranca mal armada, sem a porra do denodo, assistimos resignados (e o Gepeto mudo) à vaca encaminhar-se para o brejo. Sorte não ter levado uma sacolada. Sacolada esta, aliás, que o Flamengo aplicou sobre o mesmo Tolima para o qual conseguimos perder em pleno Mineirão. E goool da Alemanha...!

O problema de ter pedido Fora Dilma é que veio o Temer. O problema de pedir Fora Bolsonaro é que vem o Mourão. E o problema de pedir Fora Turco é que vai chegar o Renato Gaúcho. Ai, credo, essa conversa outra vez... Se for pra trocar seis por meia dúzia, melhor um Gepeto do que um Renight. Tratamos de caprichar no denodo, e vamo que vamo.



Às vezes não precisa muito, e mesmo a meia dúzia pode fazer a diferença – veja o próprio Flamengo, capaz de avançar apesar do Dorival Júnior. Mas, como tamo tudo mal acostumado, eu iria pras cabeças: Sampaoli pra remontar o time e botar ordem na casa, Cuca pra bagunçar o coreto e levantar as taças. O Diniz, pra furar o olho do Fluminense e a gente saber do que é capaz o dinizismo com grande elenco nas mãos.

Ou o Lisca, que só não vai mais longe porque ninguém é doido de contratar um cara chamado Doido para um projeto de centenas de milhões. No frigir dos ovos, Papai Joel e Celso Roth – qualquer um menos o Renato, por favor, Atlético, respeita nóis.
Enquanto o Turco segue “prestigiado”, só resta irmos nós mesmos para a beira do campo e chamar pelo Denodo: “Denoooooooodo!!!”. Vamos precisar de muito contra o Botafogo, essa pedra em nossa chuteira desde o Simon em 2007. Se perder Gepeto
cai, se ganhar Gepeto fica. Fica, Gepeto!