Há semanas em que este ordenhador de pedras precisa executar seu trabalho compaciência e esmero, de modo a colher o máximo do leite oferecido pelo minério bruto. Não é fácil ficar sentado no sofá vendo Flamengo e Corinthians virarem seus mata-matas, além de o Fluminense roubar um time do nordeste com tamanha cara dura. Caceta, eu me senti nos idos dos anos 2000, tava desacostumado. A última vez que o ano acabou em agosto foi quando o Getúlio suicidou.
Pois bem, não é o caso de 2022, até porque a peleja de todas as pelejas se dará em 2 de outubro e, com azar, no jogo de volta, a finalíssima a se realizar dia 30 do mesmo mês. Antes disso, durante e depois, o negócio mais viável é operar o milagre e ganhar o Brasileiro, a despeito de todos os prognósticos, Ipecs, Quaests e Datafolhas. Confiem: a probabilidade é de 30%, segundo o DataFred, uma subsidiária do instituto DataPovo. A margem de erro é de 70%.
A partir de agora, a estratégia da campanha é simples e objetiva: ganhar a todo custo. 100% de aproveitamento. Vale tudo: mentiras que difamem e desestabilizem os adversários (eu vi a mina do Gabigol com o Gustavo Scarpa), orçamento secreto (oi, CBF, tava sumida), o uso de Deus sem nenhuma parcimônia (São Víctor pode cuidar desse tráfico de influência).
Ainda assim, tudo será inócuo se a gente não... ganhar. Poderíamos combinar com os russos – mas Rússia não há mais, José, e agora? Agora é ganhar ou ganhar. Juntos na vitória e na vitória. Sem medo de ser feliz, pessoal. Aperta o 13 e confirma, porque 13 é Galo. E nem me venha com ilações, que meu voto é secreto – e política e futebol não se misturam.
Um dia de cada vez. Hoje, vamos mirar no exemplo daqueles que desejam o aniquilamento dos povos originários. Sim, Goiás se chama Goiás por causa dos índios Goyases, que Sérgio Buarque de Holanda (o pai daquele comunista) descreveu como uma fabulosa nação de pigmeus. Pra cima deles! Goiás bom é Goiás morto!
Quando soube que aconteceria um show no Mineirão no mesmo horário do jogo, fiquei preocupado: só me falta uma dupla sertaneja. É que receber o Goiás com uma dupla sertaneja é como receber a Argentina com uma apresentação de tango, não dá, os caras iam se sentir em casa. Corri pro Google, e pro meu alívio a ruindade vem em dose única: Léo Santana é o nome do cabra. Claro que primeiramente eu o confundi com Luan Santana, este sim, e salvo engano, um sertanejo. Mas não apenas esse Léo é outra coisa, como eu gostei dele, confesso.
Suposta e aparentemente, ao que tudo indica e salvo engano, trata-se de um cantor de funk. Tem tudo a ver com a gente: a começar pelo fato de que, antes de ser Santana, lá nos primórdios da carreira, Léo, que na verdade é Leandro, era Silva – Léo Silva! Léo Silva e Mineirão, poxa, estão deixando a gente sonhar. E não é só isso.
Seu grande sucesso é Rebolation. Não apenas precisaremos rebolar bastante pra lidar com uma folha de pagamento desse tamanho e a bunda no sofá às quartas-feiras, como Rebolation vem a ser aquela música que a gente cantava pro Obina, o carrasco do Cruzeiro lá em Uberlândia: “Obination-tion, Obination-tion”. Tu vens, Brasileirão, tu vens, eu já escuto os teus sinais!
Com as forças ocultas do Rebolation, a gente só precisa melhorar um pouco o futebol. Desde a saída de Savarino, e mesmo com Keno e Ademir, o jogo não tem fluído pelas laterais. Sem o Zaracho do ano passado, e o Nacho vitimado pela Covid longa, a insistência no jogo pelo meio, com esses toquinhos de lado, não tem nos favorecido. Viramos, como diz o outro, tchutchuca do centrão.
Vamo que vamo, que atrás de morro tem morro, isso quando não há uma mineradora. Hasta la victoria siempre! Gaaaaaaaalooo!