Fred Melo Paiva
Há alguns dias, um amigo me enviou a imagem de um caminhão borrifando na rua uma nuvem de fumaça. Não, não se tratava da versão caminhoneira daquele tanque do Exército a queimar o óleo e o filme do Exército no 7 de setembro do ano passado. Era um caminhão de fumacê, usado no combate ao mosquito da dengue. Em sua traseira, no entanto, lia-se: “Rivotril”.
Invejei: era desse que eu precisava! Não tive certeza, no entanto, se o amigo sugeria a inalação para enfrentar o Atlético ou as eleições presidenciais. Não questionei. Afinal, tanto fazia – ambos estavam a me enlouquecer os esfumaçados botões. Já tava achando que o Galo ia cair, e que o genocida satanista canibal ia acabar por comer a gente. A gente e os nossos cachorros!
Tava nessa vibe aí, cada vez mais down in the middle class, quando o Galo foi e engoliu o Fluminense. Nossa, pessoal, eu renasci das trevas, que doença, que vício. Foi o caminhão do Rivotril passando na minha rua, aleluia! Nem as eleições da Damares e do astronauta, do Ricardo Salles e do Magno Malta foram capazes de reverter meu estado de entorpecimento por aquele fumacê de sábado passado.
Quando o genocida canibal fungou no cangote, isso no domingo, eu já tava tomado pelo espírito da Galoucura ao encontrar as cabeças de gado soltas no entorno do Mineirão. Daí para o modo Janones foi um pulinho. Corri pro Twitter disposto a enterrar o que resta da minha reputação, muito pouco, e parti pra cima. Satanismo, zoofilia, Jair Renan sobrevivente da sanha abortista, sobrou até pro Baphomet, o bode preto da maçonaria. Deus que me perdoe, eu e o Chico Pinheiro.
Quando o genocida canibal fungou no cangote, isso no domingo, eu já tava tomado pelo espírito da Galoucura ao encontrar as cabeças de gado soltas no entorno do Mineirão. Daí para o modo Janones foi um pulinho. Corri pro Twitter disposto a enterrar o que resta da minha reputação, muito pouco, e parti pra cima. Satanismo, zoofilia, Jair Renan sobrevivente da sanha abortista, sobrou até pro Baphomet, o bode preto da maçonaria. Deus que me perdoe, eu e o Chico Pinheiro.
A prova de que já perdoou veio na quarta-feira, com o caminhão do Rivotril passando de novo na nossa porta. Rapá, eu moro em São Paulo há 26 anos, e cada vez que eu ia pra Vila Belmiro me sentia um indígena caminhando em direção ao Bolsonaro. Sabia que ia ser engolido!
A última vitória do Galo na Vila tinha acontecido há 13 anos. Galo é 13 no jogo do bicho. 13 eram os salários antes do golpe, antes dos protestos de 2013, quando ganhamos a Libertadores de 13. 13 seria o meu iphone se eu tivesse um. 13 eram os comensais na Última Ceia. Não se conta que se está grávida até a semana de número 13, para evitar o azar, cujo número é 13. E mais eu não digo, pois o voto é secreto e futebol não se mistura com política.
De toda forma, esse impressionante conjunto de coincidências advindo do lindo e maravilhoso número 13 me fez lembrar Alceu Valença, que, a se considerar os caracteres com espaço, tem 13 letras. “Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais.” E não é que veio? A vitória sofrida, 1 a 2 no finalzinho do segundo turno, digo, do segundo tempo. Que noite do Everson, o filho do Sempre, nosso torcedor mais emblemático. Sinais...
E como o universo conspirava a todo vapor, praticamente um Michel Temer, todos os outros jogos da rodada nos favoreceram. Imprecionante, diria aquele ministro da Educação. Agora eu tô igual o Ciro Gomes há cinco dias das eleições: “Ainda tenho esperança de ganhar no primeiro turno”. Sim, ainda tenho esperança de ganhar o campeonato! Novas informações depois da minha reunião com Baphomet.
Pleno do fumacê, crente como Micheque, tô agora que nem o bolsonarista querendo acabar com o Nordeste: vamo atropelar o Ceará! É hoje que eu vou cheirar esse fumacê igual se o Bolsonaro tivesse ganhado e não houvesse amanhã! Baphomet, o empata-foda, vai cuidar para que nenhuma ereção aconteça na parte de cima da tabela. Agora é nóis, fungando no cangote.
Betano, Sportsbet, Betfair? Tudo bem se você ainda está indeciso. Mas, depois, aperta o 13 e confirma. Gaaaaaalooo!