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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Já não havia mais ninguém para reclamar

"Quando joga o Atlético? Preciso de Atlético! A única coisa que eu encontro é a pesquisa da Quaest, o Ipec, Datafolha, Paraná Pesquisas"


22/10/2022 04:00

Jogo do Flamengo com o Atlético no Maracanã
Atlético tem acumulado decepções neste Campeonato Brasileiro - a última delas a derrota por 1 a 0 para os reservas do Flamengo, no Maracanã - e deixado a torcida frustrada e sem esperança de a equipe conquistar uma vaga direta na Copa Libertadores de 2023 (foto: Marcelo Cortes/Flamengo)


Um dia, vieram e levaram metade do shopping, que era nosso. Como eu não ligo pra shopping, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram o Kalil. Como eram os “mecenas”, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram a outra metade do shopping. Como eu gosto é de estádio, não me incomodei. No quarto dia, vieram com a SAF e levaram o Galo. Já não havia mais ninguém para reclamar.

Ando moribundo. Certamente uma vítima dos robôs do Bolsonaro, que agora se passam por esquerdistas, digo, por pessoas normais, e estrategicamente disseminam entre nós, os que ainda não se tornaram adeptos da seita, o sentimento da derrota. Ganhamos o jogo de ida por 6 milhões, mas agora parece que fui a Assunção e tomei de 4 do Olímpia na final. Não há senha para se falar com Deus. Deus joga com eles, diz o pastor Valadão, da mesma igreja do Guilherme de Pádua. União sinistra que ninguém segura.

Disposto a me nutrir de alguma esperança, alio-me à Democracia – a Democracia Corintiana! Contra o Flamengo é permitido torcer até para o diabo, e é nessa que eu vou. Do que o ódio não é capaz, né, pessoal? Faz o sujeito votar em assediador de adolescente potencialmente canibal, organizador de rachadinhas e rachadões, cupincha de miliciano, tirador de sarro de gente morrendo. Faz até o atleticano torcer pro Corinthians. O ódio é foda.

Como velhas corocas xingando padre na missa, embebidas no ódio visceral, sento-me para ver a final entre o Flamengo e o Timão (pronto, escrevi Timão, o Moro que me julgue). Cravei: vamos (no plural, Frederico?) empatar aos 38 do segundo tempo e ganhar nos pênaltis. Aos 36 fizemos o gol de empate. Quem não tem cão caça com gato. Quem não tem Carluxo que se vire com Janones. Quem não tem Galo que vá compor a frente ampla contra o inimigo comum. Vai, Corinthians!

Vai nada. Vampiro brasileiro... Ninguém mostrou nosso vídeo disputando pênalti com esses caras na final da Supercopa? Quatro chances pro rabo de seta passar a régua, a gente vai e cráu! Curíntia... Faz o gol na bacia das almas, lidera as penalidades até a quarta cobrança, e entrega a rapadura? Na boa? VSF, VTNC! Que venha a Ditadura Corintiana! Cortem as cabeças!

Renuncio ao cargo de corintiano por um dia, dessa água de esgoto nunca mais beberei. Reviro as gavetas como o viciado à procura da ponta: cadê o Atlético? Quando joga o Atlético? Preciso de Atlético! A única coisa que eu encontro é a pesquisa da Quaest, o Ipec, Datafolha, Paraná Pesquisas. Sete Peles fungando no cangote. Queria eu fazer parte da seita, só esperando o Jim Jones para a hora do suicídio coletivo. Ah, que azar, pra que eu fui estudar...?

Dou uma suicidada e já volto: tem Galo segunda-feira! Segunda-feira??? Cês tão de brincadeira. E eu sou lá o dono do Madero, da Localiza, dos detergentes Ypê? Por que esse boicote??? Se bem que sejamos pragmáticos: é melhor destruir uma segunda-feira do que um sábado, vamos convir. A segunda já nasceu destruída, o jogo é só a cereja de merda em cima do bolo de cocô.

Abro os jornais e uma notícia vem salvar a pátria: “Após Bolsonaro dizer que não tiraria bandeira do Brasil instalada como propaganda irregular no Palácio do Planalto, forte vento em Brasília rasga e derruba bandeira”. Assim como Chico Xavier votou em Bozo no primeiro turno, o amigo Ferds psicografa: “Se houver uma bandeira do Bolsonaro pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano normal torce pelo vento”.

“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.” Martin Niemöller, teólogo protestante alemão. Flertou com o nazismo. Sobrevivente do campo de concentração de Dachau, morreu em 1984


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