Desde a coletiva de quinta-feira, porém, podemos intuir que dignidade é algo que não lhe falta.
Infelizmente, não foi no jogo, mas na coletiva. E pensando bem, nem tão infelizmente assim. Saiu vitorioso na inglória tarefa de fazer o cego enxergar.
Há CR7. Houve R10. Só esses tipos que se têm certeza (mais do que se acham, aprendi com o Juca) se autointitulariam 4Rs. Também gostam e deixam rolar o termo "mecenas", afinal lhes confere o necessário altruísmo capaz de garantir êxito na política e dividendos na conta-corrente.
Pare para pensar na maior dificuldade já enfrentada na vida, digamos, do Rafael Menin. Eu apostaria que foi na infância, naquele dia em que sua "secretária" trouxe do supermercado um Nescau no lugar do Ovomaltine. Maldito leite sem flocos que o pequeno Menin foi obrigado a enfrentar como um bravo guerreiro!
É preciso mágica para lograr sucesso na missão. Nada que o dinheiro não possa comprar, inclusive a rádio e a televisão.
De um lado, banqueiros, megaempreendedores da construção civil, donos de vastas extensões de terra em todo o cinturão que envolve Belo Horizonte.
De outro, um ex-dirigente de futebol que virou prefeito e tentava fazer a coisa certa, inclusive um plano diretor que limitasse a voracidade destruidora dos especuladores imobiliários. "Se espirrar, saúde, papai Menin", dizia grande parte da torcida. E este colunista que vos fala era, e é, acusado de usar o Galo pra fazer política.
Deu no que deu. O estádio, antes inteiramente quitado, virou uma dívida impagável. O shopping não faz mais cócegas na mitigação do problema. Já se pega dinheiro em banco (adivinha qual) para acertar a folha de pagamento. E pensar que anualmente faziam (fazem) um certo "Galo Business Day" (esses nomes são sempre bons para se pegar trouxas).
Qualquer dia farão o powerpoint do Dallagnol com o Kalil no círculo central - o monstro das contrapartidas.
Os """mecenas""" sucatearam o Galo a um ponto jamais visto. Só a SAF salva. A SAF que faz o que faz no arquifreguês. A SAF que eles próprios comprarão, na baixa, em alguma medida.
Ainda que o estado de coisas seja esse, o time, caríssimo para o padrão falimentar em que nos encontramos, podia entregar mais. Não entrega porque nenhum dos 4Rs entende nada de futebol - a grande experiência no ramo vivida por boa parte deles e da turma que os cerca é a queda à Segunda Divisão em 2005.
Contratam um treinador como quem contrata um gerente para as suas empresas: foda-se o que lhe prometemos, se está insatisfeito, passe no RH.
A torcida, ou parte significativa dela, bateu palma pra ver ricaço dançar - e fazer política, e pouco a pouco se apropriar do clube, aparelhar seu conselho, atentar contra a sua história e, por fim, destruir suas finanças e privatizá-lo.
Esse mesmo pessoal ocupou as arquibancadas, substituindo o torcedor pelo consumidor. Pagam para ver o espetáculo. Não havendo um SAC onde se possa reclamar, atiram cerveja no treinador. "Se espirrar, saúde, papai Menin."
Boa Páscoa, pessoal! Que nos poupe o Coelho. Seremos campeões.