Sabe quantas vezes, em 100 anos, torcedores, sócios, presidentes e ex-jogadores se uniram para salvar o Palestra/Cruzeiro de crises financeiras? Com absoluta certeza, numa quantidade infinitamente superior à de títulos conquistados.
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Só um pacto para devolver o Cruzeiro à sua grandeza históricaUm mergulho na história do Cruzeiro e de sua origem épicaFomos da bandidagem de 2019 a um Cruzeiro totalmente desfiguradoLunáticos Antiesporte ClubeContando as horas pra rever o Cruzeiro, nosso eterno amorPara entender como nós podemos contribuir para mudar a dura realidade do clube, vale um mergulho na mais épica história de criação de um time de futebol do mundo. Fundar e manter o Palestra Itália vivo foi um ato de luta de torcedores, jogadores, imigrantes e operários que queriam ter um time para chamar de seu. Diferentes, porém, unidos, venceram preconceitos e perseguições no início do século XX.
O uniforme costurado pelas mãos palestrinas. O projeto arquitetônico do estadinho doado por um sócio. A construção feita por jogadores, como Nani Lazzarotti. Absolutamente tudo no Palestra/Cruzeiro nasce da nossa capacidade de nos juntarmos para superar desafios.
Na década de 1930, quando os times da capital estavam falidos, e os da elite foram salvos por nacos de dinheiro público, o Palestra não fechou as portas graças ao esforço de sua diretoria e de admiradores, como Felice Rosso (o Felício Rocho).
Quando a ditadura de Getúlio Vargas ameaçou exterminar agremiações com traços italianos, nos anos de 1940, um ex-jogador (Ninão Fantoni) e dois pequenos comerciantes (Wilson Saliba e Mario Torneli) se juntaram para defender a transformação do Palestra em Cruzeiro com um ato de resistência. A torcida abraçou.
Na década de 1950, quando a penúria financeira era dramática, chegando ao ponto de uma ala defender o fim do futebol no Cruzeiro, foram ex-jogadores, como Souza, Azevedo e Geraldo II que se doaram para manter de pé um time guerreiro e lutador.
No início da década de 1960, as mensalidades pagas por milhares de sócios na Sede Campestre bancaram a formação da Academia Celeste de 1966. Brandi, Lambertucci e tantos outros dirigentes e conselheiros injetaram suas próprias economias para manter o time da década de 1970.
Nos anos de 1980, enquanto Benito Masci fazia malabarismo para o clube não fechar as portas pelas dívidas acumuladas, a torcida honrava sua tradição de se agigantar quando se demanda superação. Ali surgiu a ASTOCA (Associação das Torcidas Organizadas do Cruzeiro), liderada pela então relações-públicas do clube, Ângela Azevedo.
Desde o final de 2019, quando a torcida tirou do comando do clube a organização criminosa de dirigentes, conselheiros, jogadores e empresários, tem sido ela quem luta por encontrar meios de superar a devastação. Foi com o Sócio Reconstrução, durante o Conselho Gestor, e tem sido com o PIX do Cruzeiro, agora, onde centenas de grupos têm se mobilizado nas redes sociais para arrecadar recursos.
Nesse histórico de uma Torcida Unida pela Superação é importante citar uma entidade, nascida no concreto da arquibancada, chamada Associação Grandes Cruzeirenses (AGC). Desde 2016, de forma anônima e independente, ela tem apoiado financeiramente centenas de ações promovidas pela torcida.
Fecho mais essa ode por um pacto com a referência à AGC porque, nós próximos dias, ela anunciará, talvez, a maior ação popular em prol do Cruzeiro dos últimos tempos. Um chamamento incrível para formarmos uma corrente palestrina e cruzeirense, reafirmando o legado de que, aqui, a torcida banca o time!