Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

O Cruzeiro sempre foi e será a força de sua imensa torcida

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Sabe quantas vezes, em 100 anos, torcedores, sócios, presidentes e ex-jogadores se uniram para salvar o Palestra/Cruzeiro de crises financeiras? Com absoluta certeza, numa quantidade infinitamente superior à de títulos conquistados.


Por essa comparação, é possível imaginar o desprendimento dos palestrinos/cruzeirenses para reverterem – juntos – realidades dramáticas a partir das suas próprias forças. Como dito pelo pesquisador Romero Marconi no filme “Em busca da história do Cruzeiro”, lançado na última semana, a fundação do Palestra Itália “não foi um projeto de quatro, cinco rapazes” de famílias abastadas da oligarquia de Belo Horizonte num dia de footing no Parque Municipal.

Para entender como nós podemos contribuir para mudar a dura realidade do clube, vale um mergulho na mais épica história de criação de um time de futebol do mundo. Fundar e manter o Palestra Itália vivo foi um ato de luta de torcedores, jogadores, imigrantes e operários que queriam ter um time para chamar de seu. Diferentes, porém, unidos, venceram preconceitos e perseguições no início do século XX.

O uniforme costurado pelas mãos palestrinas. O projeto arquitetônico do estadinho doado por um sócio. A construção feita por jogadores, como Nani Lazzarotti. Absolutamente tudo no Palestra/Cruzeiro nasce da nossa capacidade de nos juntarmos para superar desafios.


Na década de 1930, quando os times da capital estavam falidos, e os da elite foram salvos por nacos de dinheiro público, o Palestra não fechou as portas graças ao esforço de sua diretoria e de admiradores, como Felice Rosso (o Felício Rocho).

Quando a ditadura de Getúlio Vargas ameaçou exterminar agremiações com traços italianos, nos anos de 1940, um ex-jogador (Ninão Fantoni) e dois pequenos comerciantes (Wilson Saliba e Mario Torneli) se juntaram para defender a transformação do Palestra em Cruzeiro com um ato de resistência. A torcida abraçou.

Na década de 1950, quando a penúria financeira era dramática, chegando ao ponto de uma ala defender o fim do futebol no Cruzeiro, foram ex-jogadores, como Souza, Azevedo e Geraldo II que se doaram para manter de pé um time guerreiro e lutador.


No início da década de 1960, as mensalidades pagas por milhares de sócios na Sede Campestre bancaram a formação da Academia Celeste de 1966. Brandi, Lambertucci e tantos outros dirigentes e conselheiros injetaram suas próprias economias para manter o time da década de 1970.

Nos anos de 1980, enquanto Benito Masci fazia malabarismo para o clube não fechar as portas pelas dívidas acumuladas, a torcida honrava sua tradição de se agigantar quando se demanda superação. Ali surgiu a ASTOCA (Associação das Torcidas Organizadas do Cruzeiro), liderada pela então relações-públicas do clube, Ângela Azevedo.

Desde o final de 2019, quando a torcida tirou do comando do clube a organização criminosa de dirigentes, conselheiros, jogadores e empresários, tem sido ela quem luta por encontrar meios de superar a devastação. Foi com o Sócio Reconstrução, durante o Conselho Gestor, e tem sido com o PIX do Cruzeiro, agora, onde centenas de grupos têm se mobilizado nas redes sociais para arrecadar recursos.


Nesse histórico de uma Torcida Unida pela Superação é importante citar uma entidade, nascida no concreto da arquibancada, chamada Associação Grandes Cruzeirenses (AGC). Desde 2016, de forma anônima e independente, ela tem apoiado financeiramente centenas de ações promovidas pela torcida.

Fecho mais essa ode por um pacto com a referência à AGC porque, nós próximos dias, ela anunciará, talvez, a maior ação popular em prol do Cruzeiro dos últimos tempos. Um chamamento incrível para formarmos uma corrente palestrina e cruzeirense, reafirmando o legado de que, aqui, a torcida banca o time!