Um vice-presidente da CBF, há pouco tempo, se fantasiava de frango para torcer. Um prefeito, no passado, não teve pudor em declarar abertamente seu objetivo de “destruir” a instituição Cruzeiro Esporte Clube. Um bilionário, num país de miseráveis, joga milhões no tabuleiro para superar seu eterno trauma esportivo. Mesmo assim, seria medíocre dar tamanho valor a esses fatos e, ao mesmo tempo, rasteiro e calunioso fazer qualquer relação entre o pífio desempenho do Cruzeiro no Brasileirão, há quase dois anos, com uma suposta teoria da conspiração para prejudicá-lo.
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Nas idas e vindas sobre torcida, que o Cruzeiro faça sua parteO Cruzeiro sempre foi e será a força de sua imensa torcidaFomos da bandidagem de 2019 a um Cruzeiro totalmente desfiguradoDe 1921 a 2019, absolutamente nenhum adversário ou suposto esquema de fora para dentro conseguiu derrubar o Time do Povo Mineiro. Sofremos preconceitos de classe, de raça e étnico quando Palestra Itália e superamos. Fomos garfados em algumas ocasiões, como em 1957, contra o América, ou em 1974, frente ao Vasco. Mas sejamos maduros, quase todos os clubes já foram prejudicados em alguma disputa. Internacional, Santos, São Paulo, Botafogo, Fluminense, Bahia, Portuguesa e até mesmo a Turma do Sapatênis.
Lembremos... Nossa derrocada nunca ocorreu por mérito dos adversários odiosos. Ela só veio após 98 anos de existência, em 2019, quando uma organização criminosa composta por dirigentes, conselheiros, jogadores e empresários, de dentro para dentro, destruiu o clube ao ponto de chegarmos ao ponto em que estamos hoje. Portanto, não nos esqueçamos do quanto, de fora para dentro, tentaram nos arrasar e nunca conseguiram.
Repito, não acredito. Mas se existe mesmo todo esse suposto esquema extracampo contra o Cruzeiro, passou da hora de a diretoria e de os próprios jogadores fazerem algo mais contundente. VTs, cartinha de repúdio e a postura de “mosca morta” não nos interessam.
Um dos meus maiores ídolos foi o volante Fabrício. Não por seu talento, apesar de sempre ter se mostrado um excelente jogador com o manto sagrado. Meu eterno respeito por ele nasceu no dia 13 de novembro de 2010, quando, da arquibancada do Pacaembu, em São Paulo, eu o aplaudi ao abandonar a partida contra o Corinthians ainda em andamento, por não aceitar o absurdo pênalti marcado por Sandro Meira Ricci nos minutos finais, o que praticamente nos tirou qualquer chance de título no Brasileirão daquele ano, quando éramos francos favoritos.
Infelizmente, Fabrício foi um ponto fora da curva. Como já rabisquei por outras vezes nesta resenha semanal, o histórico perfil de complacência de nossos atletas mais experientes, no que tange a serem firmes diante de qualquer decisão incorreta e prejudicial durante o jogo, se mantém. Contra o Vasco, domingo passado, eles jamais poderiam ter deixado o árbitro dar seguimento à partida após o claro pênalti cometido por Marquinhos Gabriel, sem que, todos, ao mesmo tempo, se indignassem e exigissem dele uma consulta mais firme ao VAR.
Esperar da diretoria algo para além das cartinhas de fim de namoro é ilusão. Da elitista imprensa mineira? Faça-me rir. Luxemburgo tem sido o momentâneo ponto fora da curva, nunca deixando de mostrar firmeza nas cobranças à CBF, ao poder público e aos árbitros. Ele sabe como a banda toca. Mas não coloquemos todo o peso sobre os ombros do Profexô. Ele já tem tirado leite de pedra de um time limitadíssimo tecnicamente.