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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Cruzeiro e Fábio, os dois gigantes de Minas Gerais

A Muralha Azul é o goleiro com mais defesas em disputa por cobranças de pênaltis entre todos os outros milhares de arqueiros do futebol mineiro


17/11/2021 04:00 - atualizado 16/11/2021 19:23

Goleiro Fábio se estica todo para fazer uma defesa durante treino na Toca da Raposa II
Goleiro Fábio, que recentemente renovou contrato com o Cruzeiro, caminha para completar 1.000 jogos com a camisa celeste (foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)
Depois do Cruzeiro Esporte Clube, Fábio é a figura em atividade com mais conquistas entre os jogadores e clubes de Minas Gerais. Em 2022, salvo algum contratempo físico, ele atingirá a marca de 1.000 jogos com o manto sagrado, confirmando assim o fato já consolidado de ser o atleta que mais vestiu a camisa de um mesmo clube na história do esporte mineiro (não só do Cruzeiro). 

Fábio possui mais conquistas da Copa do Brasil e do Brasileirão do que todos os demais clubes de Minas Gerais – reunidos. Mas não são só títulos. 

A Muralha Azul é o goleiro com mais defesas em disputa por cobranças de pênaltis entre todos os outros milhares de arqueiros do futebol mineiro. Mas não são só decisões. 

O melhor goleiro do Brasil é também o mais premiado pela mídia esportiva mineira, mesmo ela sendo dominada, na sua maioria, por membros da elite econômica de Belo Horizonte, sabidamente, torcedores dos clubes nascidos da oligarquia, leia-se América e Atlético de Lourdes. Mas não são só prêmios.

Títulos, decisões e reconhecimentos são só parte do conjunto da obra de um goleiro prestes a completar 1.000 jogos pelo maior clube de Minas Gerais. Quando é feita uma reflexão sobre esse legado, é possível entender a idolatria de toda uma geração por Fábio. É revelado o ódio destilado contra ele por quem o viu - sozinho - superar (sem nunca desmerecer ou diminuir) a história de outros clubes mineiros.

É possível entender como ele conquistou o respeito mesmo de quem torce por outros times brasileiros. É possível entender como Fábio tem também um lugar no coração dos cruzeirenses que ainda preferem Raul, Dida ou Geraldo II como o arqueiro de todos os tempos do Cruzeiro/Palestra. 

Nos últimos três anos, Fábio esteve tanto no elenco do desastre de 2019, provocado por uma organização criminosa, quanto no remendo de farrapos, burrices e vaidades que significou os elencos de 2020 e 2021.

Não seria nada nobre entrar no mérito sobre a sua parcela de culpa nesses episódios exatamente no momento onde se buscar exaltá-lo. Por respeito, me guardarei o direito de não entrar neste "porém".

Mas vou quebrar uma regra imposta por mim a mim mesmo. Não sou muito afeito à corneta para escalar times ou mesmo pedir - como torcedor de arquibancada que sou - a contratação do jogador A ou B.

Porém, como se aproxima o fim da (vexatória) temporada de 2021, vou me permitir tergiversar, pois se festa teremos para a Muralha Azul dos 1.000 jogos, que ele tenha ao menos "convidados" dignos do feito a se comemorar. 

Quem deve estar no elenco de 2022 que irá conduzir Fábio ao seu milésimo jogo com o manto sagrado e também cumprirá a tarefa de levar o Cruzeiro de volta à Série A? 

Começo o papel de corneteiro exatamente pelas traves. É fundamental pensar e preparar um substituto para Fábio. Sem desmerecer seus atuais reservas, claramente, não estão à altura do desafio gigantesco que será substituir um ídolo. Tecnicamente e principalmente, psicologicamente. 

É bom lembrar da saída de Dida, ao final de 1998. O Cruzeiro passou a temporada de 1999 patinando entre a promessa Rodrigo Posso e Maizena. André, que se tornaria titular absoluto, ainda passou um bom período entre altos e baixos, até se firmar na temporada de 2000. Ou seja, trazer um novo e experiente goleiro já para o início da próxima temporada precisa estar nos planos.

Assim como também colocar fim aos tempos de uma zaga composta por cabeças de bagre, como os zagueiros do elenco atual. A bola não pode chegar toda a hora pronta para um atacante adversário finalizar de dentro da área, à espera de defesas inacreditáveis de Fábio. 

Laterais, meio-campistas e atacantes dispostos a colocar o Cruzeiro de volta ao futebol mortífero como era o de Luxemburgo em 2003, que decidia as partidas já no primeiro tempo. Ou o de passes rápidos e verticais, como o de 2013 e 2014.

É isso que Fábio merece para quando atingir a marca dos 1.000 jogos. Afinal de contas, depois do Cruzeiro, nenhuma instituição em atividade no futebol fez mais por Minas Gerais.

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