Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Nem euforia nem desesperança. O equilíbrio salvará o Cruzeiro

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Nem tanto ao céu, nem tanto à Terra. O início do Campeonato Brasileiro para Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia, favoritos às quatro vagas de acesso, certamente deveria ser encarado sob essa perspectiva. Duas rodadas não podem ser termômetro para nada, além de um momento para se conhecer: jogadores, técnicos, adversários e torcidas.



Cravar o tricolor baiano como o mais preparado por ter sido o único desses a ter 100% de aproveitamento não passa de mero casuísmo. Assim como apostar numa sequência de fiascos de tricolor gaúcho e do alvinegro carioca baseado no fato de que ainda não venceram na competição. Portanto, tender o Cruzeiro para qualquer um desses dois lados não passa de desequilíbrio emocional ou de análise técnica rasa.

Como se diz na minha terra, Mariana: devagar com o andor! Em menos de uma semana, muitos torcedores do Cruzeiro foram da desesperança à euforia. Para alguns, perder para o Bahia por 2 a 0 era motivo para demitir o goleiro Rafael Cabral, aposentar o lateral e capitão Rômulo ou voltar a dizer que o treinador Paulo Pezzolano não entende nada de tática para além da Country Cup. Também houve a ala que deixou o Mineirão contra o Brusque já pensando em caminho de glórias até o retorno em 2023. Para esses, a magra vitória foi suficiente para imaginar que nenhum outro deslize ocorrerá nas 36 rodadas do campeonato. Radicalismo por pontas distintas, mas claramente absurdos.

Na primeira rodada, a “aldeia” e os pessimistas tacharam a apresentação do Cruzeiro contra o Bahia, na Fonte Nova, como a pior deste de 2022. Mas o péssimo primeiro tempo, o resultado final da partida (2 a 0 para os baianos) e a memória curta de boa parte dos torcedores fizeram sumir das análises o claro domínio do Cabuloso no primeiro tempo de jogo, quando o Time do Povo Mineiro pouco foi ameaçado pelos donos da casa e ainda desperdiçou duas chances incríveis de abrir o marcador com Waguininho e Pedro Castro. Ali, se tivesse convertido as jogadas criadas, poderia ter ido para o intervalo vencendo por 2 a 0 e, certamente, despacharia o time baiano.



Numa substituição correta do técnico do Bahia, ele mudou todo o cenário do jogo pró-Cruzeiro em poucos minutos. Com méritos, os baianos venceram, mas, verdade vista e não dita: o time do Bahia é limitado (como todos os outros). Lidera por esse “quem não faz, leva” do Cruzeiro e por vencer o Náutico (que ainda não pontuou), e assim, o tricolor baiano está sendo posto como favorito pelos afoitos.

Ao Cruzeiro, ter vencido o fraco Brusque também escondeu algumas falhas. Talvez as mesmas diante do Bahia: não matar o jogo logo nas primeiras chances. E, portanto, não se pode ir assim para a partida contra o Tombense.

É muito cedo ainda para sentimentos polarizados. Tudo tende a mudar com o passar das rodadas. Grêmio e Vasco, por exemplo, certamente encontrarão o caminho das vitórias nas próximas rodadas. Alguns azarões que largaram bem, assim que a sequência de jogos for mais intensa, provocando as primeiras contusões e suspensões, logo precisarão rodar um elenco de que não dispõem. E cairão na tabela.




Ao Cruzeiro e à Nação Azul, tão em sintonia neste 2022, resta fugir dos radicalismos e manter o ponto alto até aqui: o do equilíbrio entre racionalidade (para entender as dificuldades que surgirão durante as partidas) e irracionalidade (para manter acessa a cumplicidade entre gramado e arquibancada).

Reforços chegaram. Alguns com cara de baciada, como Jajá e Luvannor, e outros, claramente a pedido do treinador, como o conterrâneo Leonardo Pais e o zagueiro Zé Ivaldo. Todos eles desconhecidos da maioria absoluta da Nação Azul. Agora, é equilibrar o elenco. Entendê-lo como necessário para não cairmos nem na euforia e tampouco na desesperança sem fundamentos.

Fato é que nunca estivemos com tamanha vantagem para os acertos em relação aos erros na balança. O equilíbrio só nos fará ainda mais fortes rumo à volta ao lugar de onde nunca deveriam ter nos tirado.