Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

"De Palestra a Cruzeiro", sempre "O Time do Povo Mineiro"


Li esse relato, chorando copiosamente. É de Kenia Cantini. Seu avô, Geraldo I, foi um dos maiores arqueiros do Palestra/Cruzeiro. De 1927 até meados da década de 1940,quando passou o posto para o goleiro-pedreiro e ídolo, Geraldo II.



Pergunto. Você lembra a escalação do primeiro time do Cruzeiro pelo qual se apaixonou? Qual jogador marcou o primeiro gol visto por você, enquanto abraçava o torcedor do lado, equilibrando a cerveja ou o picolé? De quem era a mão apertada à sua na primeira ida ao Mineirão?

A memória é o maior bem que o ser humano pode ter. Proteger fatos, objetos e ambientes do passado, que a estimulam, é uma forma de nos mantermos vivos. Para uma instituição da importância sociocultural gigante, como o Cruzeiro Esporte Clube, cuidar da sua própria história é obrigação para gerar as memórias afetivas e os laços (inclusive, comerciais) com seu maior patrimônio (e cliente): a torcida.

Capa da versão atualizada do livro de Palestra a Cruzeiro, com história centenária do clube (foto: Reprodução)


No que tange a respeito à memória palestrina/cruzeirense, essa semana ficará marcada nos anais do Cruzeiro. Dois livros estão sendo lançados, após anos de pesquisa. E numa dobradinha memorável, jamais vista: um oficial, produzido pelo próprio clube, e outro inédito em sua essência, escrito pelo povão cruzeirense das arquibancadas.

Para o Cruzeiro, tudo. Do Cruzeiro, nada. Muito menos a exploração comercial da imagem do clube. Isso também une as duas obras, pois não foram concebidas para gerar lucros a editoras ou empresas, mas sim para prestar um serviço à torcida cruzeirense, à preservação da memória do Palestra/Cruzeiro.



“De Palestra a Cruzeiro – Edição Centenária” é uma releitura atualizada da obra homônima, lançada em 2000, pelo próprio Cruzeiro, autoria do maior pesquisador palestrino-cruzeirense, o saudoso jornalista Plínio Barreto. Um gênio que, coincidentemente, completaria 100 anos em 2022 se estivesse vivo – virou estrela em 2015. Tive a honra de compor voluntariamente a equipe de produção, capitaneada pelo Instituto Palestra Itália. O livro é uma obra definitiva e espero, em breve, se concretize a segunda edição, essa sim, passível de comercialização para milhares de torcedores, já que a atual não será vendida, mas sim doada para escolas públicas.

Já “O Time do Povo Mineiro” terá venda a preço popular, apenas para cobrir custos de impressão, já que nenhum dos 12 autores – entre eles, esse rabiscador – foram remunerados. Fizemos por completo amor à camisa estrelada e por tudo que ela nos proporcionou, torcedores que somos. Uma obra memorável por resgatar o perfil operário desse clube criado por uma torcida que queria ter “um time para chamar de seu”.

Esse é o nosso clube amado, desde Palestra a Cruzeiro, se mantendo fiel ao princípio de ser o Time do Povo Mineiro.
Por Plínio Barreto. Pela maior torcedora do mundo, Salomé. Por Geraldo Cantini.

Em tempo. O primeiro time que sei repetir foi Gomes, Balu, Vilmar, Gilmar Francisco e Genílson; Ademir, Douglas e Careca; Robson, Hamilton e Édson. O primeiro gol que vi foi de Luís Fernando Flores, no 1 a 0 sobre a Portuguesa, em 1990, abraçado a meu amigo Gargamel (sem cerveja e picolé). A mão a segurar a minha, na estreia no Mineirão, era do meu velho pai, que me vendo eufórico, disse: “Calma, senão você vai virar um fanático.” Ele acertou.





***

Convite de lançamento do livro De Palestra a Cruzeiro (foto: Reprodução)


Deixo aqui o convite para nos encontrarmos para um abraço e um livro no próximo sábado:
LANÇAMENTO DO LIVRO “O TIME DO POVO MINEIRO”
Dia: Sábado (2/7)
Horário: 10h às 13h
Local: Loja do Cruzeiro (Rua Araguari, 598 – Barro Preto)
Organizador: Gladstone Leonel Jr.
Prefácio: Luiz Antonio Simas
Autores: André Bueno Moura, Anna Carolina Azevedo, Bruno Parreiras, Diogo Henrique Silva, Éric Rezende, Fabrício Faria, Geovano Moreira Chaves, Gustavo Bueno Moura, Gustavo Nolasco, Izabela Xavier e Romero Marconi