Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

O Cruzeiro de Pezzolano (no mínimo) traz alívio

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Alívio. Um dos melhores sentimentos. Quando ele vem junto com o fim de um longo período de infortúnios, naturalmente transforma-se em autoestima por conta da superação. Esse é o momento do cruzeirense. Alívio.



Como tenho de rabiscar essa crônica nas tardes de terças-feiras, escrevi sem ver o resultado da peleja contra o Ituano. Perdemos? Empatamos? Ganhamos? Jogando bem ou mal? Seja como tenha sido, não mudará em nada o meu acordar dessa quarta-feira. Minha alvorada será de completo alívio. O atual Cruzeiro de Paulo Pezzolano me permite essa premonição.

Quem vê o Cruzeiro hoje, líder absoluto do campeonato, talvez nem consiga imaginar o quanto isso era algo intangível pouco tempo atrás. Volto ao dia 2 de fevereiro deste ano. Uma noite de expectativa para a Nação Azul, no Mineirão. Enfrentaríamos o América. Era apenas a terceira rodada da Country Cup, mas o Cabuloso liderava com duas vitórias: 3 a 0 sobre a URT (com Ronaldo no estádio, pela primeira vez como sócio do Cruzeiro) e 1 a 0, fora de casa, sobre o Athletic. Vencer a terceira seguida seria uma oportunidade para embalarmos.

Logo aos 19 minutos de jogo, Waguininho, que havia sido destaque nos primeiros jogos, foi expulso. Com um a menos, tomamos o primeiro gol logo em seguida. O time, perdido, levou o segundo gol na sequência.

No grupo de whatsapp, os amigos execravam Pezzolano. “Inventa demais.” “Fraco.” “Está perdido.” Daí para baixo. Na arquibancada, vendo um time do Cruzeiro ainda em formação, tentando de todas as formas jogar, eu não conseguia entender aquela cornetagem sobre nosso técnico. Abandonei o grupo de whatsapp, mas senti alívio pelo Cruzeiro não desistir do projeto com o comandante uruguaio.



Continuamos com dificuldades. Um empate contra o Villa Nova, em casa, algumas rodadas à frente, nos tirou a chance de disparar em primeiro. Derrota para o Atlético de Lourdes, com um pênalti arranjado pelo “camisa 12” da Turma do Sapatênis: o juiz. Mas ali, mesmo com a derrota por 2 a 1, Pezzolano deu um show no esquema tático. Perdemos, mas sentimos um alívio imenso ao perceber que o futebol covarde e ineficiência era passado. Finalmente, tínhamos um time sedento por vencer.

Sei o quanto ainda temos que evoluir. Até aqui, perdemos todas as partidas disputadas contra equipes da Série A, como a “aldeia” insiste a vomitar para manter o seu hábito centenário de tentar diminuir a grandeza do Cruzeiro. Mas fato é que essas derrotas para a dupla da oligarquia de Belo Horizonte (América e Atlético de Lourdes) e para o Fluminense não foram resultado de erros de nosso técnico, pelo esquema tático ou fruto de confusões extracampo. Elas vieram após muita luta em campo. Quem nos venceu, precisou se esforçar sobremaneira. Com Pezzolano será sempre assim. Isso nos dá alívio.

Muito provavelmente, fecharemos o primeiro turno com aproximadamente 16 pontos de diferença para o quinto colocado. Ou seja, mesmo que percamos cinco partidas no returno, para não atingir o objetivo central do regresso à Série A, os adversários terão de vencer todas as suas partidas. Alívio.



Na próxima semana ainda teremos a chance de um feito incrível para o nível do nosso elenco, que apesar de disciplinado taticamente, é de qualidade individual de mediana para razoável: temos totais condições de eliminar o Fluminense e avançarmos às quartas de final da Copa (do Cruzeiro) do Brasil.

Fico imaginando se naquele 2 de fevereiro, na derrota para o América, Ronaldo estivesse no grupo de whatsapp e resolvesse atender a ala que queria a cabeça de Pezzolano.

Dificilmente teremos um título nacional que mereça comemoração neste ano e mesmo nos próximos, mas nosso comandante já terá nos dados uma conquista das mais desejadas nos últimos tempos: o alívio.