Neste sábado(15/10) comemora-se o Dia do Professor. Provavelmente a mais importante profissão do mundo. No futebol, os treinadores recebem a nobre denominação de professor. Alguns a honram mais, outros menos. Este ano, convenhamos, estamos muito bem servidos nesse quesito. O mestre Pezzolano é o grande mentor da épica campanha cruzeirense em 2022.
Não me lembro, em quatro décadas acompanhando o Maior de Minas, de um elenco jogando os 90 minutos com tanta pegada. Somos hoje o time com maior intensidade no mundo. Elencos melhores que este, obviamente, tivemos vários. Mas uma equipe que apresenta, ao mesmo tempo, tamanha vontade, organização tática, intensidade e preparo físico, asseguro que nunca tínhamos visto.
Papa Pezzolano é o principal responsável pelo renascimento do Cruzeiro nos gramados. Fora das quatro linhas, não canso de repetir, os responsáveis são dois: Ronaldo Fenômeno, que reorganizou a casa, e a maior e mais fanática torcida de Minas Gerais, que jamais abandonou o barco.
Enquanto a turminha de Lourdes não consegue encher meio Mineirão jogando a série A, a China Azul esgota os ingressos a cada jogo da Série B. Enquanto o outro lado fica a maior parte do jogo em silêncio, transformando o Mineirão em um verdadeiro Templo Budista, e quando faz barulho é para vaiar a equipe, insultar ídolos e bradar “time sem vergonha”, a nossa torcida canta o tempo todo, apoiando mesmo quando o time não vai bem.
Voltando à homenagem ao Dia do Professor, outro ponto digno de nota é o comprometimento e o profissionalismo de Pezzolano. Ao contrário do que dizem alguns comentaristas, nossa torcida jamais condenou os frequentes cartões recebidos pelo treinador. As punições se devem, predominantemente, a dois aspectos: à obstinação de Pezzolano pela perfeição e pelas vitórias e a uma nítida perseguição de alguns incompetentes árbitros contra técnicos estrangeiros.
Juntamente com Pezzolano, precisamos reconhecer o trabalho dos demais “professores” da Comissão Técnica. Martin Varini, o auxiliar que é melhor que a maioria dos treinadores que passaram pelo Cruzeiro nos últimos três anos. Gonzalo Alvarez, responsável por sermos a equipe com melhor condicionamento físico do país. André Croda, preparador de goleiros, Matías Filippini, analista de desempenho e a mais recente adição, Manuel Ramas, que cuida das bolas paradas (quem não reparou a sensível melhora do time em laterais, escanteios e faltas, nas últimas rodadas?).
A cada um de vocês, nosso muito obrigado. E os votos de um feliz Dia do Professor!
Por fim, não posso deixar de homenagear os heróis que, há exatos 30 anos, conquistaram o bi da Supercopa da Libertadores. Aquele título teve páginas heroicas e inesquecíveis, como a goleada de 8 a 0 em cima do Atlético Nacional de Medellín, com cinco gols de Renato Gaúcho.
Também testemunhamos a histórica vitória nos pênaltis contra o River no Monumental de Núñez. Fomos assaltados pela arbitragem, terminando a partida com oito jogadores. Adilson Batista teve a perna fraturada e a torcida adversária apedrejou, atirou cadeiras e agrediu nossos atletas.
Depois, o inesquecível jogo 1 da final, contra o forte Racing. Ganhamos de 4 a 0, com um show dos gigantes Nonato, Douglas, Roberto Gaúcho, Renato Gaúcho e Marco Antônio Boiadeiro, autor do quarto gol, uma pintura. Aí foi só administrar o segundo jogo em Avellaneda e dar a volta olímpica. Não custa lembrar que a média de público do
Cruzeirão, na Supercopa de 1992, foi de incríveis 73 mil pagantes!
Realmente não é de hoje que, em Minas, só tem uma torcida.
*Jornalista, belo-horizontino, residente em Brasília, cruzeirense nas boas e nas más. Adepto do Pezzolanismo. Escrevendo esta coluna a convite do jornalista Gustavo Nolasco