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Estado de Minas COLUNA DA ARQUIBANCADA

Sem medo de ser feliz: Ênio Andrade ou Paulo Pezzolano?

Ênio Andrade e Pezzolano não se furtaram a essa Filosofia Cruzeirense. Cada um a seu tempo, ambos devolveram à Nação Azul a possibilidade de voltar a ser feliz


26/10/2022 05:00

Ênio Andrade e Paulo Pezzolano
Ênio Andrade e Paulo Pezzolano não se furtaram a essa Filosofia Cruzeirense. Cada um a seu tempo, ambos devolveram à Nação Azul a possibilidade de voltar a ser feliz (foto: Euler Junior/Estado de Minas e Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

"Pezzolano é o maior treinador da história do Cruzeiro." A afirmação categórica veio do amigo Angel Drumond, um dos grandes jornalistas esportivos da minha geração e ex-colaborador do próprio clube. Tal euforia me gerou espanto por julgar ser exagerada. Porém, antes mesmo do meu contraponto virulento, ele se antecipou: "Ênio Andrade? Agora, ele é o segundo." Calei-me e passei a dedicar esses rabiscos à minha reflexão.

Antes, um adendo para os leitores de mais tenra idade, para os quais, talvez, a história do "Seu Ênio" não seja tão conhecida. Gaúcho de Porto Alegre, teve três passagens pelo Cruzeiro de 1989 e 1995 e conquistou seis títulos. Era amado pelos jogadores. Numa conversa com o ex-zagueiro Célio Lúcio, na Toca da Raposa I, lhe perguntei sobre qual foi o maior treinador de sua carreira. Ele levantou; foi até o canto do auditório; buscou um velho banquinho de madeira; o colocou entre as pernas e respondeu com os olhos cheios de saudade: "Era aqui, com peças de dama, que o Seu Ênio nos ensinava a jogar. Ele foi o maior. Um pai." 

Apesar das conquistas, como  a heroica Supercopa da Libertadores de 1991, não foram exatamente os títulos que tornaram Ênio Andrade o maioral. Foi algo ainda mais emblemático, digno de guarda-lo no coração para sempre. Um feito não mensurável em números ou palpável em taças. Seu Ênio fez o cruzeirense voltar a ser feliz! 

Foi dele a filosofia de jogo que devolveu ao time estrelado à sua principal característica: jogar para vencer, "sem medo de ser feliz". Assim, expurgou o fantasma da década de 1980. 

Dito isso, voltemos à afirmação de Angel: "Pezzolano é o maior." Certamente, ele não se embasou no título do Brasileirão 2022. O status atribuído ao uruguaio tem mais respaldo na forma como encarou o desafio de treinar um Cruzeiro esfacelado. Em como, assim mesmo, nos fez jogar como gigantes. No seu sangue latino que soube transformar a vibração da Nação Azul em exemplo a ser seguido pelos jogadores. O Cruzeiro de - para e com - Pezzolano é feliz como a sua torcida!

Na carta intitulada "Dias de Glória", Pezzolano exalta isso. "Quando a torcida enxerga o comprometimento dos jogadores com a causa, isso atrai mais até do que as vitórias. Foi exatamente com isso que o torcedor cruzeirense nos brindou. Jamais vou esquecer o que vocês fizeram na final do Mineiro. Apesar de termos perdido o título para o rival, aconteceu algo que eu nunca tinha visto em toda minha vida. [...] uma torcida seguir cantando sem parar, é inigualável. Ali, naquele dia, foi o nascimento deste ano tão especial que vivemos. [...] Minha intenção era retomar o protagonismo do Cruzeiro, com e sem a bola, pois é algo que está muito presente na cultura do clube. O que geramos de diferente em campo foi o que o torcedor cruzeirense, assim como eu, sempre gostou de ver: uma equipe que joga bom futebol. Isso é ser Cruzeiro. Um protagonista na história do esporte brasileiro". 

Em 2017, Alex "Talento", ao criticar o estilo retranqueiro de Mano Menezes, também citou essa característica: "O cruzeirense prefere a derrota com proposição de jogo do que ficar jogando de forma reativa [...] para quem tem como referência Tostão e Dirceu Lopes, fica complicado entender e aceitar [...] Mano encontra uma parede chamada Filosofia. E a do Cruzeiro é bem definida. O torcedor sente que seu sentimento pela sua história está sendo usurpado quando olha seu time apenas reagir".

Ênio Andrade e Paulo Pezzolano não se furtaram a essa Filosofia Cruzeirense. Cada um a seu tempo, ambos devolveram à Nação Azul a possibilidade de "voltar a ser feliz". Que me perdoe meu amigo Angel, mas exatamente por isso, na minha lista de comandantes maiorais dos escretes celestes, eu os coloco no mesmo patamar, lado a lado, no alto do podium dividido. 

Por fim, a todos os cruzeirenses, desejo uma boa votação no próximo domingo. Que consigamos nos libertar dos tempos de ódio e desesperança. Que a história de resistência contra a opressão do nosso Palestra/Cruzeiro nos inspire na escolha de um presidente que lute pelo povo, sem medo de der feliz!

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