Jornal Estado de Minas

COLUNA DA ARQUIBANCADA

Cruzeiro 2023: nem tanto ao céu, nem tanto à terra


"Nunca voltamos tão cedo." De férias ou do caos? Ambígua, mas a frase talvez seja a mais marcante, dita ou pensada por nós, cruzeirenses, nesse dia de hoje, quando, antecipadamente (2022 ainda nem terminou) o nosso elenco estrelado retorna das férias e tem o Dia 1 da sua temporada 2023. Longe de estar desmantelado, mas também léguas de pode ser autodeclarar renovado. 





Janeiro, geralmente, é o mês das especulações, mas nesse ano, com a Copa do Mundo em data atípica, dezembro está sendo o palco para essa espécie de "torneio paralelo" do futebol brasileiro, onde não se disputam jogos e gols, mas sim, contratações. É quando a mercantilização do ex-esporte do povo  salta aos olhos. É quando, infelizmente, as tabelas dos campeonatos, que ainda estão longe de se iniciarem, começam a se desenhar. O dinheiro marca mais pontos do que as vitórias. Nessa disputa, sabemos, o nosso Cruzeirão - destruído por uma organização criminosa em 2019 - já sai pela rabeira da tabela.

Os nomes anunciados e cogitados até o momento não causam nenhum entusiasmo. Ao contrário, levantam desconfiança nos ranzinzas e nostalgia aos céticos quanto às SAFs. Afinal, quem não sentirá saudade, por exemplo, do Jogador Alegria, o Luvannor? Por mais questionável que fosse sua habilidade, ele foi fundamental para unir o grupo e também liga-lo umbilicalmente à torcida. 

O mediano Matheus Bidu terá um substituto à altura ou vamos ficar só na piadinha do Bidu-Bilu? Quem correrá na zaga para enfrentar os rápidos e potentes atacantes da Série A ou tudo ficará mesmo nas costas do xerife Brock? Finalmente teremos um "camisa 10" para ser o cérebro do escrete? Pois será fundamental termos a capacidade de surpreender os adversários que, com certeza, terão mais força, repertório técnico e plantel. 





As barcas do Corinthians e do Athletico Paranaense; as apostas em estrangeiros desconhecidos e umas sub-celebridades da Série B. É o que temos para o momento. Desanimador... Por outro lado, não podemos subestimar a capacidade de Pezzolano para tirar o máximo dos atletas em prol do seu esquema tático, do qual, não abre mão (nem nós, da Nação Azul). 

Os profetas das mesas redondas da TV, youtuberes, tik tokers e especialistas de Twitter anunciavam: "De 5 a 10 anos, no mínimo, para o Cruzeiro não se recupera." A Turma do Sapatênis, viciada em odiar, profetizava: "A torcida vai abandonar; o Cruzeiro acabou." 

Nem um, nem outro. Voltamos cedo. Antes da prepotência e do ódio deles. Apenas três anos separaram a maior destruição de um clube de futebol já vista em toda a história do futebol do seu retornou triunfal à Série A do Brasileirão. Erraram os especialistas, os profetas e os bobos-alegres dos likes. 

Chegamos até aqui com uma torcida ainda maior e mais vibrante. A instituição voltou a ser destaque positivo na imprensa esportiva e o "time da camisa mais linda do mundo" manteve-se querido - por empatia - por milhões de torcedores de outros clubes Brasil e mundo afora. Enquanto a turma dos Bilionários do Brasil Miséria não conseguiu conquistar sequer um naco dos torcedores de Divinópolis mesmo comprando alguns títulos. 

Por outro lado, é preciso entender que seremos coadjuvante na próxima temporada. A SAF não vai torrar dinheiro para ganhar títulos. O objetivo deles é racional: ficar na Série A, garantir patrocínio e cotas de TV e vender jovens jogadores para recuperar o investimento inicial. E ponto. 

Portanto, quanto ao Cruzeiro na temporada 2023, nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Voltamos cedo. Das férias, sim. Do caos, nem tanto. Vai começar.