Jornal Estado de Minas

HELVÉCIO CARLOS

'Top' e 'coach' se mantêm na lista de palavras mais chatas do ano

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 Último dia do ano sem lista não tem graça. A coluna não perdeu tempo, reuniu um grupo em um aplicativo e mandou o desafio: afinal, qual foi a palavra mais chata em 2019? Alguns responderam sem titubear. “Nem precisa fazer pesquisa. Top e suas variáveis – topper e topíssimo – ganharão de lavada novamente”, afirmou o empresário Rodrigo Carneiro, frequentador assíduo da pesquisa do DataHit. “Minha palavra intragável da vida é top. Tenho pânico. Ô, preguiça!”, acrescentou a sapateira Ana Miranda.




 
“Infelizmente, ela (top) ainda sobrevive”, reconhece o produtor Rafael Linhares, que, antenado, aposta que em 2020 vai ser difícil escapar de brabo, “da mesma turma que tentou falar irado neste ano”. Adriano Maciel também aponta para a famigerada palavra de três letras. “Americanizaram palavras como legal demais, massa, ducaralho, bom demais, fino, superlegal”, lamenta.
 
O DJ Cacá de Brito se irrita quando está em reunião e alguém solta um “precisamos estartar o processo com urgência”. “Por que não dizer precisamos iniciar ou começar o processo com urgência?”. Modismo do mundo fitness também deixou rastro não com uma, mas três palavras. “Água com limão caiu no gosto popular como detox, emagrecedor e alcalinizante do sangue. Mas óbvio que não tem nada disso. Modas aparecem como grandes milagres e falsas verdades. Aí, profissionais de saúde abraçam, divulgam. E a gratidão virou palavra comum. Tudo é gratidão. Aí, a gente brinca: água, limão e gratidão”, diz a bem-humorada cardiologista Ana Elisa Crepaldi, médica do esporte. O produtor Leo Ziller aponta diferenciado como o destaque do ano. “Pronto, falei também é de lascar”, observa.
 
A política também rendou algumas indicações. Sobrou até para a reforma da Previdência. “O que deveria ser de interesse de todos foi usado como jogo político e acabou acontecendo de forma bem rasa e se arrastou praticamente o ano todo”, analisa o produtor Eduardo Sabbagh.




 
O estilista Ronaldo Fraga diz que a palavra mais chata do ano vem carregada de significados ruins. “Tornou-se um adjetivo para crimes ambientais e contra a humanidade, carrega a face atrasada, corrupta e truculenta do Brasil. A palavra mais chata do ano é o sobrenome de um ser hediondo: Bolsonaro ou bolsonarismo”, critica.
 
O jornalista e produtor cultural Afonso Borges cita energúmeno. “Além de ser uma das palavras mais feias da língua portuguesa, foi utilizada pelo presidente para ilustrar o educador mais conceituado da nossa história, Paulo Freire. É claro que o sentido voltou, em ricochete”. Porém, na opinião dele, mito ganha disparado. “Desde antes das eleições ela ganhou a dimensão humana, replicada como saudação militar. De origem filosófica, a palavra mito virou um grito, proferido normalmente pelas claques por onde o presidente passa.
 
CAMPEÃS

MINDSET
“Tenho pavor de mindset. Parece-me uma tentativa afetada de reciclar, em inglês, um conceito que todos já conhecem. A palavra entra na cesta de jargões pseudocientíficos que 'coachs' e afins utilizam para empacotar uma série de conceitos do senso comum e tentar vendê-los como conhecimento de nicho ou novidade.”




. Leonardo Máximo, advogado

COACH
“De repente, todo mundo virou coach de alguma coisa. Se não deu certo em nada na vida, vira coach para ensinar sobre autoconhecimento. Ficou chato pra caramba. Neste ano, só faltou coach de DJ. Ou melhor, não faltou não... Putz!”
. Válber, DJ

“Desgastada pelo uso, banalizou-se e perdeu a credibilidade.”
. Breno de Mello, médico

“Continua imperando, ainda sem definição do que realmente significa. E todo 
mundo é coach.”
. Duda Happy

TALKEI!
“Também conhecida como tá OK, a expressão é muito utilizada ao final de um raciocínio e parece ter o objetivo de reconfirmar aquilo que foi dito. Popularizada pelo presidente da República, talkei está sempre presente nas falas de improviso dele, como um jargão que parece tentar manter a linguagem muito próxima do cidadão mais simples. Mas parece que nem esse toque norte-americano faz com que Bolsonaro pareça OK, talkei?”
. Leandro Araújo, empresário

“Não é palavra, mas, chata, representa o desconhecimento do presidente.”
. Freddy Mozart, ator

RACISMO
“Em pleno século 21, ainda temos que ver pessoas preconceituosas. Até quando?”
. Frederico Gautereto, produtor

GRATIDÃO
“Muita gente usa esta palavra nas redes sociais, mas exerce pouco o seu significado na vida real.”




. Fernanda Ribeiro, jornalista

EMPODERADA
“Falada demais.”
. Paulo Rossi, produtor

“Preguiça desse feminismo chato e da mania de vitimizar a mulher. Esta palavra é a que mais usam na campanha.”
. Dani Madureira, produtora

“Acho bem chatinha. Já somos fortes, independentes, decididas, com 
opinião. Já temos poder. Pra que essa palavra feita?”
. Isabela Teixeira da Costa, jornalista

SEXTOU
“Já é chata há muito tempo. Detesto.”
. Adriana Silveira, jornalista
“Assina a chegada do fim de semana e seus exageros. Será palavra-chicletes por muitos anos.”
. Bucha, produtor

MIMIMI
“Só quem usa merece ouvi-la.”




. Paulo André, ator

“Palavra que ganhou uma conotação chata no último ano por tentar banalizar ou enfraquecer discursos ou manifestações que defendam grupos de exclusão.”
. Fernanda Mello, escritora

BLOGUEIRA
“Hoje em dia, a pessoa se autointitula blogueira (o) e posta milhares de coisas sem a mínima importância como se fosse salvar o mundo.”
. Gustavo Paulino, empresário
 
VAR
“Daqui a pouco, vai ter VAR até para ver se escovei os dentes do jeito certo.”
. João Ferreira, músico

POLITICAMENTE CORRETO
“Por que ninguém mais é espontâneo, ninguém mais é autêntico? Pessoas estão habituadas a esconder os defeitos e mostrar apenas as qualidades. 
E fica tudo chato.”
. Eveline Bartels, dermatologista

TOPÍSSIMO
“Tudo o que é bom virou topíssimo.”
. Guilherme Rabelo, produtor

Sororidade
“O significado da palavra (união e solidariedade entre as mulheres) é Louvável. O chato e usar a palavra em vão para ganhar biscoitos (outra cafonice de 2019. 
. Lala Porto, empresária