“Amo nossas montanhas, não vivo sem elas”
Morando há 25 anos em São Paulo, a empresária Christina Bicalho garante: apesar da distância, mantém o sotaque e o orgulho de ser mineira. “Na minha casa em São Paulo e na fazenda no interior do estado, sempre tem pão de queijo e broa”, comenta. Quando vem a Belo Horizonte, seu programa predileto é ir ao Mercado Central com o pai para comprar queijo. “Viajo muito, pois temos escritórios em várias capitais e também fora do Brasil. Sempre que posso, estou em BH para ver meus pais e amigos. Amo nossas montanhas, não vivo sem elas”, diz.
Christina tem três filhos – Bernardo, de 21 anos, Guilherme, de 18, e Manoela, de 16. Desde o fim da década de 1980, é conhecida por seu trabalho no STB, agência de intercâmbio. “Em cinco anos, nos tornamos a segunda maior do Brasil”, informa. “Em 1995, fui convidada a assumir a diretoria de marketing em São Paulo, onde me casei. O STB tem quase 50 anos de mercado. Tenho muito orgulho quando olho para a trajetória de construção da marca e a forma como somos respeitados no exterior. Não foi fácil, mas faria tudo novamente.”
COM A PALAVRA
Christina Bicalho
Empresária
Como o setor de intercâmbio está se adaptando a estes novos tempos, marcados por mudanças?
O mercado de intercâmbio vem passando por grandes mudanças. Desde escolas internacionais, que hoje fazem parte de grandes grupos educacionais, até a sofisticação dos programas oferecidos. As agências que representam essas escolas tiveram de mudar, facilitando formas de pagamento, buscando novos produtos para o portfólio e capacitando colaboradores com expertise em vários segmentos de programas. Hoje, pais, alunos e profissionais querem uma empresa que facilite não só as informações, mas todo o processo de matrícula e acompanhamento do intercâmbio.
Mudou o perfil do intercambista do início dos anos 1970, quando o STB foi fundado, em relação a quem vai estudar fora atualmente?
Hoje, trabalhamos com um mercado muito mais maduro. Os brasileiros já entenderam a necessidade do long life learning – independentemente da idade, temos que aprender sempre. Intercâmbio não é mais só para estudantes de 12 a 18 anos.
Apesar das mudanças ao longo de cinco décadas, algo se mantém no perfil do intercambista e de seus pais?
Cada vez mais, as pessoas procuram por programas de qualidade. E segurança deve ser sempre a prioridade. Muita gente erra ao adquirir programas com custo muito baixo. Quando elas chegam ao destino, têm surpresas perigosas: acomodação sem segurança alguma, escolas não regulamentadas, etc. O mais importante é pensar que quando estamos num país estrangeiro, devemos priorizar pontos muito importantes: aonde vou morar, custo-benefício do meu programa, o tipo de visto que tenho de ter, seguro médico que devo levar, etc.
Há algum destino que soe como exótico, mas favoreça o fortalecimento do intercambista para enfrentar as mudanças que estamos vivendo atualmente?
A Ásia é um local que ainda podemos dizer que é exótico e oferece programas que vão muito além da sala de aula. Lá, os alunos estudam economia, política, religião e sociologia, vivendo em comunidades com mentores de grandes universidades. Os países podem ser Butão, China, Camboja, Índia ou Jordânia, entre outros.
Várias profissões vêm sendo engolidas pela tecnologia. Obviamente, muita gente precisa se adequar às mudanças. Qual é o papel do intercâmbio nesse processo?
Ele tem a missão de desenvolver os chamados soft skills – habilidades importantes como criatividade, adaptabilidade, perseverança e liderança. O conteúdo acadêmico é importante sempre, mas as habilidades interpessoais vão ajudar a destacar o candidato e o profissional do futuro.
Todo intercambista tem uma ou várias histórias engraçadas, de perrengues, inclusive...
Em 1981 e 1982, fiz intercâmbio nos Estados Unidos. Fui estudar numa high school privada em Chicago. O mais engraçado de tudo é que eu não gostava de estudar aqui no Brasil. Lá, virei a primeira aluna da classe! Isso aconteceu porque, além das matérias tradicionais, pude escolher matérias que adorava: teatro, marketing, design. Brinco que intercâmbio é a verdadeira educação disruptiva, pois abre portas e tira a gente da zona de conforto.
Estrangeiros se interessam em vir ao Brasil para fazer intercâmbio?
O interesse deles é muito pequeno. Há alguns programas universitários, mas os alunos têm tanta dificuldade com o idioma que não conseguem acompanhar. Infelizmente, poucas universidades ministram cursos em inglês aqui no Brasil. Acho que a maior barreira é, mesmo, o idioma.