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Games salvaram Cristian Abdalla, que ficou zerado no início da pandemia

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A pandemia fez a vida de Cristian Abdalla Mendes, de 28 anos, começar do zero. Literalmente. O ano de 2020 já começou desacelerado para ele, que trabalhava com marketing digital de eventos, festivais e artistas em praticamente todo o Sudeste do país.



Os indícios de que o novo coronavírus não demoraria a chegar ao Brasil deixaram Cris em alerta. Percebeu que a situação não seria fácil, consciente da instabilidade do mercado de eventos. O maior receio dele, levar calote dos contratantes, tornou-se realidade.

Na maioria das vezes, serviços contratados são pagos 60 dias depois do evento. “Pelas desculpas recebidas, vi que não receberia os atrasados, muito menos o que estaria para vencer. A justificativa, claro, era a pandemia”, conta Cris.

A grande preocupação nem era como sobreviver naquele início da crise sanitária, que suscitava mais perguntas do que respostas. A maior tensão de Cris vinha da incerteza quanto ao destino de seus funcionários.



Comandando uma equipe de 30 pessoas, ele não pensou duas vezes. Usou as economias para pagar os colaboradores. “Se não fizesse isso, não teria paz comigo mesmo. Paguei, mas fiquei sem nada. Entreguei o apartamento alugado na Savassi, fui morar de favor no barracão de uma amiga”, relembra.

“Curiosamente, os contratantes que diziam não ter como me pagar estavam por aí, curtindo a vida em viagens, apesar do coronavírus”, critica. De um fornecedor, Cris recebeu energéticos, refrigerantes e salgadinhos tipo Cheetos como acerto.
O produtor entrou na Justiça para receber os atrasados. Sabe que a batalha judicial será longa, por isso tenta adotar a postura de desapego para não se estressar.

Quando morava no barracão da amiga, veio a solução para sair do zero. Com o computador de última geração, Cris transformou em aliada sua habilidade no League of Legends, que sempre jogava por diversão. Conquistou espaço e se tornou digital influencer de games.



A plataforma lhe trouxe patrocínios, assinaturas mensais e até doações. Tem tantos fãs no mundo digital que ganhou uma geladeira em seu aniversário, presente dividido entre a turma do League. Já deixou o barracão e alugou um apartamento no Bairro Luxemburgo.

A rotina de Cris é pesada. Ele começa por volta das 21h e, geralmente, vai até o sol raiar. “É prazeroso, não vejo o tempo passar”, garante.

Quando a pandemia acabar, ele não pretende voltar para o ramo que foi obrigado a abandonar. Agora, a meta é ampliar a ação no universo dos jogos on-line.