Belo Horizonte é uma das 126 cidades de 16 países confirmadas no evento Dia Mundial da Criatividade, marcado para 21 e 22 de abril. Em sua quarta edição, o projeto terá 1,5 mil atividades, que poderão ser acompanhadas nas redes sociais (facebook.com/worldcreativityday, instagram.com/worldcriativityday e youtube.com/c/WorldCreativityChannel). Conteúdos gravados ou ao vivo incentivarão a criatividade e a aprendizagem. Márcia Andrade Carmo de Azevedo, gerente de economia criativa da Fiemg e líder do projeto em BH, chama a atenção para desafios potenciais e oportunidades do mundo pós-COVID-19. “A empregabilidade e geração de renda serão as causas mais importantes de 2021”, opina.
Márcia comenta que a COVID-19 afetou duramente a economia e as formas de organização do trabalho. “Não é de agora que se fala sobre a quarta Revolução Industrial e suas tendências. Com a chegada da pandemia, empresas e trabalhadores foram submetidos à aceleração desse processo para se adaptar ao 'novo normal'”, comenta.
"Pensamos que 2021 seria um ano diferente de 2020 e parece que estamos vivendo novamente o mesmo ano, só que com uma diferença: agora possuímos vacina e esperança"
Cada cidade terá 13 inspiradores. De Belo Horizonte, Marina Pacheco Simião, Nayra de Oliveira Namorato, Ronaldo Silvestre Silva, Fab Lab Newton, Adriana Pessoa Barbosa, Natalia Tsuyama Cócolo e Laura de Morais participarão de lives. Alessandra Alkmim Costa, Fernando Vinicius de Araújo, G.E.S.T.O Helen de Souza Teixeira, Luciana Drumond Gallo, Marielea de Souza e Silva Almeida Parolini e Renegado contribuirão com conteúdos gravados.
Como é ser criativo nesta pandemia que se arrasta há um ano e sem expectativa de acabar?
A pandemia colocou nossa criatividade num impasse. Se por um lado o isolamento em casa forneceu um refúgio favorável ao pensamento, por outro, as pessoas acabaram privadas de experiências que funcionavam como combustível para a criação. Então, alimentar a nossa própria imaginação é um caminho muito válido. É possível trabalhar levando, sempre que possível, pequenas inovações, sejam técnicas, materiais ou outras alternativas. Buscar novas experiências, novas temáticas, ampliar o repertório de conhecimento e se permitir experimentar o desconhecido. Temos também de confiar que temos os recursos necessários para resolver os desafios que aparecerem, que tudo vai passar e as experiências ficarão como ensinamento.
Nesse cenário, como despertar a criatividade ou trazê-la à tona?
Pensamos que 2021 seria um ano diferente de 2020 e parece que estamos vivendo novamente o mesmo ano, só que com uma diferença: agora possuímos vacina e esperança. Estudo recente, que saiu no The New York Times e Estadão, mostrou que se você costuma se exercitar, há uma boa chance de também tender a ser mais criativo, de acordo com o levantamento sobre os laços entre atividade física e imaginação. A pesquisa descobriu que pessoas ativas apresentam mais e melhores ideias durante testes de inventividade do que as pessoas relativamente sedentárias. Sugere que se queremos ser mais inovadores, o negócio é levantar da cadeira e agitar um pouco as coi-sas. O exercício tende a aguçar nossa capacidade de raciocinar e lembrar, anima nosso humor.
A Unesco concedeu a Belo Horizonte o título de Cidade Criativa pela Gastronomia. Veio a pandemia e muitos restaurantes fecharam. As pessoas estão conseguindo se reerguer? Ou o trauma é muito grande?
Belo Horizonte ter sido considerada cidade criativa pela gastronomia tem participação muito grande nos eventos e encontros gastronômicos. Não é só entregar comidas pelo delivery, mas ter a experiência do encontro, da reunião para o bate-papo e saborear delícias mineiras. A pandemia impactou com certeza a economia neste setor, mas a prova da criatividade gastronômica é exatamente a sobrevivência de alguns que nos surpreendem com inovações. Em toda guerra, há um perdedor e um ganhador; entretanto, todos aprendem algo para o bem e para mal. A maioria dos restaurantes está em seu pior momento de sobrevivência e grande parte perde a guerra. Há alguns se reinventando com criatividade e surpreendendo com muita garra e determinação, tentando diminuir o impacto desse grande trauma.
BH é uma das 126 cidades incluídas no Dia Mundial da Criatividade, iniciativa da World Creativity Organization, idealizada pelo brasileiro Lucas Foster. Como será a participação da capital mineira no evento?
Teremos rica programação on-line, seja através do nosso aplicativo oficial do WCD 2021 ou pelo nosso canal do YouTube, com milhares de inspiradores, pessoas referências em suas áreas, e dezenas de escolas criativas sensacionais. Todas as atividades relacionadas ao evento são realizadas de forma voluntária e gratuita, promovidas por centenas de pessoas interessadas no desenvolvimento da educação, da cultura e na inspiração para uma sociedade mais criativa e responsável. Acontecerá também nossa feira educacional, com a presença de escolas criativas influentes do mundo, em que os participantes poderão ter acesso a bolsas de estudos gratuitas e parciais.
Uma das ações será a distribuição de 111 mil bolsas para cursos focados na geração de renda. O que essa iniciativa pode gerar? Como participar?
Será uma boa oportunidade para todas as gerações e classes sociais. A grande missão da Revolução Criativa em 2021 é ajudar na aprendizagem e requalificação profissional das pessoas para o mercado de trabalho pós-pandemia, capacitando novas habilidades. Para participar, a pessoa deverá assistir a uma programação do festival em 21 ou 22 de abril, assim receberá um QR Code e poderá ter acesso a bolsa de estudos gratuitas e parciais. Teremos escolas criativas influentes presentes no festival, tais como Domestika, Saibalá, Descola, Perestroika, SingularityU e muitas outras. Unidas e colaborando para impactar e transformar positivamente nosso mundo através da criatividade e do desenvolvimento de novas habilidades do futuro do trabalho.
Os jovens estão sabendo aproveitar as ferramentas virtuais para estimular a criatividade?
Depende de cada jovem. Apesar do aumento do uso de tecnologias entre eles neste período da pandemia, há diversos fatores positivos e outros negativos. Algumas ferramentas virtuais podem render frutos positivos e duradouros, elevando o nível da educação. A criação de vídeos para trabalhos escolares, por exemplo, é grande aliada da criatividade. Acredito que havendo a harmonização entre o que é pretendido e aquilo que se pode exigir dos jovens, pode-se melhorar a qualidade desse potencial criativo. Claro que o uso de ferramentas depende de outros fatores, como disciplina, maturidade e necessidade dos jovens.