"A nossa religião (candomblé) é perseguida há muito tempo, e hoje é que se fala mais sobre isso"
Amanhã (25/5), é o último dia da primeira edição do Festival de Culturas de Terreiro Nzo Jindanji Kuna Nkosi. Encontro virtual, mas, mesmo assim, segundo Nengua Monasanje, a mãe de santo da casa Nzo Jindanji Kuna Nkosi, de grande importância para mostrar a cultura do candomblé e evitar visões deturpadas da religião.
“Cultuamos a natureza e não o diabo, como muitos dizem. Não existe diabo na nossa religião. Fico satisfeita porque todos nós temos que ocupar nossa mente com algo, e o festival foi muito bom nesse sentido, porque a casa de candomblé é movimento," diz.
Entre os temas debatidos, a culinária do terreiro e as ervas medicinas promoveram grande interesse. "Não podemos deixar essas coisas se perderem. As ervas são muito importantes dentro do candomblé. É um saber antigo que vem sendo passado de geração em geração desde que o candomblé começou. Lembra que falei que cultuamos a natureza? Então, a folha transforma.” Sobre a culinária, diz que "comida é comunhão e não é só na nossa religião".
Em tempos cada vez mais digitais, a tecnologia, em algumas situaçes, não funciona em um terreiro. "O candomblé já tem sua 'tecnologia' há muitos anos (risos)", diz com humor ela que é liderança religiosa da casa e encara com seriedade o posto. "Posso brincar no meu dia a dia com outras coisas, com o espiritual eu não tenho cacife. Não brinco, levo muito a sério e assim levarei até o fim."