Tutti Maravilha
Radialista
Graças à quarentena, virei Hebe Camargo!
Vou explicar: na década de 1990, eu era fã da Hebe. Ela parecia ser uma comunicadora com menos preconceitos, mais relaxada, sem muita pose. Levava ao seu programa os famosos e também aqueles que estavam começando. Seu jogo de cintura me encantava! Falava o que lhe vinha na cabeça, dava selinhos nos convidados e tomava cerveja na cara da câmera. Era demais!
Um belo dia, Hebe apresentou o programa direto da sua casa, na beira da sua piscina azul, e comentei com o Pacífico, na época meu produtor: ‘Um dia, vou fazer o programa de casa e vou virar Hebe Camargo!’. Rimos muito. O tempo passou e, hoje, o que eu tô fazendo? Fazendo o meu programa de casa! Só falta a piscina azul, né?! kkkk
Sem a piscina e para melhor brincar nesta quarentena, criei uma rotina. Tenho tempo certo pra tudo. Tempo para produzir o meu programa de rádio, para gravar o programa, tempo para gravar as entrevistas. Tenho 30 minutos de academia particular (rs). E é no sol. Vitamina D e abdominais juntos e misturados. Tenho tempo para virar “Chef Maravilha” e testar receitas que procuro no São Google. Fotografo o prato e mando para os chegados só pra dar água na boca e animar a galera a ir pra cozinha com vontade. Pra ficar mais prazeroso, tente nunca deixar a louça pra lavar depois!
Nos fins de semana: faxina! Com direito àquele barulho doce e melodioso do aspirador de pó. Help! Hora de colocar roupa na máquina. O ferro de passar? Aposentei! De todas as funções de casa, a que me dá mais preguiça é a tal de passar roupa. Uma vez, era Dia Mundial da Mulher e perguntei ao Paulinho da Viola qual era a parte dele mais feminina. Ele me respondeu: “Passar roupa. Adoro”. Salve, Paulinho da Viola!
O mundo lá de fora chega pelas telas, pelos chegados e pelas janelas laterais. Confirmando que, com ou sem quarentena, o danado do tempo não para! E como todo rapaz latino-americano, depois das dez, dá pra rolar um cineminha básico. Tenho visto alguns e revisto outros belos filmes.
Antes de cair nos braços de Morfeu, coloco em dia os “insta”, “faces” e e-mails do dia. Chega a hora de escolher um livro entre os três que a pessoa lê ao mesmo tempo. E com fidelidade plena para Clarice e Guimarães Rosa! Li Nelson Rodrigues e reli tudo o que tenho do Poetinha. Saravá, Vinicius!
E nessa de ler Vinicius e Nelson Rodrigues, eles me atiçaram a curiosidade e a vontade de conhecer um amigo querido deles: o são-joanense Otto Lara Rezende. Como sou aquariano da gema, corri e comprei pela net três livros dele. Êbaaaa! Chegaram! E na “hora do sonhar”, fico acreditando que o “ser humano” vai – e pode – melhorar depois dessa quarentena... Amém!