Túlio Borges
Empresário
Muita gente acredita que ser dono de clube se resume a abrir o espaço, contratar funcionários, fazer as compras, bolar uma programação e curtir com os amigos. Mas essa é a parte fácil, apenas a ponta de um trabalho que, muito mais que burocrático (no escritório) ou divertido e agitado (na pista), é humano, acima de tudo. São as relações que criamos com os clientes, com os artistas e com funcionários que acabam definindo a casa, dando o tom do entretenimento que se vai proporcionar. E isso vai se tornando cada vez mais verdade a cada ano que avançamos, vencendo obstáculos, construindo novas conexões e reforçando as antigas.
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Volta ao palco deixa ator com 32 anos de carreira nervoso como principiante''Envelheço na cidade'', seção da HIT, conta a história das boates de BHO carnaval, mesmo suspenso pela pandemia, tem boas histórias para contarCabaré Mineiro, 'agito' das noites de BH, lançou estrelas da músicaEventos com ingressos esgotados suspensos em cima da hora. Não é só festa!Por quase 20 anos, a boate naSala foi referência na vida noturna de BHNa base do improviso, Raga Mofe fez carnaval histórico no Santa TerezaVale citar, por exemplo, a vez em que recebemos o e-mail enorme de um cliente que foi à casa pela primeira vez naquele fim de semana. Emocionado, ele dizia que passou a vida meio sem lugar, sem sensação de pertencimento, sentindo-se diferente das outras pessoas, e nunca tinha entendido o motivo. Somente ali, na boate, graças ao ambiente de liberdade para ser o que quisesse proporcionado pela casa, ele entendeu: era gay. O tom da mensagem, que terminei de ler com lágrimas nos olhos, era de alegria e agradecimento pela descoberta.
Aliás, outra coisa que deixa a gente muito feliz é a quantidade de casais formados na balada e que permanecem unidos, a começar por mim. Fiquei pela primeira vez com a minha esposa na pista da Mary In Hell!
Certa vez, na ocasião do aniversário de 9 anos da DDuck (que comemoramos com um festão no Automóvel Clube), pedi aos clientes em uma rede social para nos indicar casais que se conheceram na nossa pista. A despeito do cinismo de mensagens que diziam que “boate não é lugar de achar namoradx”, fomos inundados com respostas de casais formados no clube, além de histórias maravilhosas deles na DDuck.
Uma coisa que marca muito quem vai à DDuck é a forma como tratamos todos de forma igual. Sem camarote ou área VIP, já tivemos visitas de celebridades, jogadores de futebol, ex-participantes de reality shows e até Miss Brasil. Naquele ambiente, enxergamos todos como clientes que estão ali para se divertir, não há tratamento diferenciado.
Foi assim com certa ex-BBB, que, chegando na portaria, perguntou à segurança: “Eu entro de graça?”. Ao que a funcionária respondeu: “Não, a entrada custa R$ 20”. A moça insistiu: “Não está me reconhecendo? Sou a fulana, do 'BBB'”. E ouviu: “Que legal! Então, fulana, a entrada hoje está a R$ 20”.
É característica da casa agradar a todos os públicos, independentemente de gosto musical. O famoso Baile Funk da DDuck, por exemplo, que acontece desde 2011 em plena segunda-feira, traz tanta diversão pro início da semana que atrai frequentadores mais improváveis. Como o trio de amigas minhas, frequentadoras exclusivamente de casas de rock, que após uma noitada no Baile me mandaram a seguinte mensagem: “Túlio, o Baile Funk da DDuck é a festa mais PUNK que a gente já foi. Parabéns.”
Em quase 12 anos, infinitas histórias se conectam, fazendo parte da construção do que é hoje a DDuck, casa cujo principal objetivo é a diversão sem limites. Um clube pequeno e despretensioso, mas que a cada dia conquista mais frequentadores fiéis por conta de sua proposta simples: aqui você vem para se jogar como se ninguém estivesse olhando e como se não houvesse amanhã.
A SEÇÃO “EMBALOS DE SÁBADO À NOITE” CONTA A HISTÓRIA DA VIDA NOTURNA DE BELO HORIZONTE, QUE, ANTES DA PANDEMIA, DEU O QUE FALAR