Com trabalho para o Grupo Galpão, os designers Filipe Lampejo e Rita Davis faturaram o ouro no Brasil Design Award. A dupla foi responsável pela criação da identidade visual de “Quer ver escuta”, 25ª montagem da companhia. Filipe conta que, no final de 2019, ele e sua sócia receberam o convite da companhia de teatro. "Ao lado da Rita, mergulhamos nos bastidores da peça, num processo que durou quase dois meses. Nosso desejo era pensar o design como uma ferramenta criativa na construção do próprio espetáculo, que, por sua vez, já tinha como objetivo tirar a palavra do papel, dar a ela corpo e voz, cor e forma", recorda.
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Filipe e Rita propuseram aos atores exercícios de experimentação gráfica, com muita liberdade de escrita e desenho, inspirados nos poemas e no título da peça. "Organizamos ensaios fotográficos motivados pelos exercícios de performatividade que eles vinham trabalhando. Isso resultou num repertório visual extenso que revela menos o produto final da peça teatral, e mais o processo criativo da companhia. Sendo assim, de modo inédito na identidade visual do grupo, o material gráfico é tão performático quanto a peça em cartaz.
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Mas foi aí que entrou em cena um personagem nefasto. "Tragicamente confirmando que a certeza não é a matéria-prima de nossos ofícios, em março de 2020, quando o Galpão se preparava para a estreia nacional de ‘Quer ver escuta’ no Festival de Teatro de Curitiba, o agravamento da pandemia de COVID-19 alterou os planos do grupo, impossibilitando que a peça subisse aos palcos e que o material gráfico chegasse ao público". “Quer ver escuta” virou peça radiofônica, no Spotiffy, com direção de Marcelo Castro e Vinicius Souza.
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Para Filipe, do mesmo modo como esse processo do grupo se desdobrou em caminhos inesperados, a premiação dos cartazes foi também oportunidade de fazer circular as imagens e de criar diálogo com o público. "Ainda que longe daquilo que havíamos idealizado quase dois anos atrás, o reconhecimento a este projeto, como sempre atravessado por questões que fogem ao nosso domínio, mas desta vez especialmente difíceis e desafiadoras, de certa forma concretiza o trajeto em si, o caminho construído durante a caminhada, nossa resistente capacidade de, apesar de tudo, ainda criar arte, beleza e poesia", comemora.
NO CLUBE
ENCONTRO DE GERAÇÕES
O bom da noite são as surpresas que ela proporciona. Quem passou pelo Bar do Museu Clube da Esquina no sábado (15/1), curtiu canja do rapper Djonga no show de Claudio Fraga, presença na programação musical da casa. Como ambos são apaixonados pela obra do Clube, o rapper mineiro aceitou o convite e fez a alegria do público. Juntos cantaram três músicas, uma delas “Rua Ramalhete”. Cláudio Fraga tem vasto repertório autoral com influências do Clube da Esquina e trabalho reconhecido como intérprete das canções de Milton Nascimento e companheiros. A paixão de Djonga pelo movimento está presente na capa do disco “Heresia” (2017) e é referência à clássica capa do disco de Milton e Lô, com Djonga “duplicado”, reproduzindo a pose dos meninos Cacau e Tonho, dois garotos de Nova Friburgo (RJ) que ilustram o disco, lançado em 1972.