A volta dos que não foram
Wesley Marchiori
Dramaturgo, produtor e diretor
Então é verdade. Estou de volta. Vou abrir as cortinas! Ufa, oba, nossa, finalmente, até que enfim...
Leia Mais
Mineiros levam ouro no Brasil Design Award com pôsteres para o GalpãoVolta ao palco deixa ator com 32 anos de carreira nervoso como principianteVolta da Campanha de Popularização do Teatro e Dança anima os artistasPádua Teixeira explica os 22 anos de sucesso da peça 'Nas ondas do rádio'Criador do animado bloco do Estabeleça declara seu amor ao carnaval de BHO iludido aqui achava que seriam, no máximo, seis meses de isolamento, contando com a perspectiva pessimista característica de todo autor, torcendo para estar errado. Para ser menos. Bem menos. No máximo, dois meses e fim da pandemia. De boas intenções, um lugar qualquer aí está cheio, como dizem. Como me inspirar com novas comédias durante os primeiros meses desta pandemia? As notícias desesti- mulavam.
Novo ano! 2021 foi muito insólito. Resumindo: fecha tudo. Cancela a Campanha de Popularização faltando uma semana para começar. Teatro on-line. Abre teatro, fecha teatro. Primeira dose. Abre teatro com pouca ocupação, teatro on-line e presencial na mesma sessão. Aumenta a ocupação e o público não corresponde, hospital lotado, fecha teatro, analisa se abre, bar lotado, abre total, teatro vazio, nada de novos editais emergenciais.
Segunda dose. Variante Delta, gente que não quer se vacinar, estádio lotado, artista precisando trabalhar, casas de espetáculos precisando pagar as contas, artistas precisando pagar as contas, técnicos sendo dispensados... Fui fofo neste resumo, confesso. O bagulho foi bem pior, tá ligado?
Chegamos em 2022! Tudo parecia tão controlado que alguns estados até discutiam a possibilidade de abdicar das máscaras... Quando recebemos o edital para inscrição nesta Campanha de Popularização, a atual variante ainda não havia assumido o seu protagonismo. No entanto, com o passar dos dias, as notícias se contrapunham. Simultaneamente, nós, produtores, estávamos assumindo contratos com espaços culturais sem saber como seria lá na frente. Cautela, a palavra da vez. E, felizmente, para o bem dos que voltaram, está dando certo! Teatro é um lugar seguro, sim. Todos fazendo a sua parte, com regras que estamos peritos em conhecer e praticar depois de quase dois anos – espaço cultural, artista e público.
Está sendo muito bom voltar, tanto para quem assiste como para quem faz. Vou contar um segredo para vocês: como produtor, meu maior problema hoje se chama fi- gurino. Os atores, na sua maioria, mudaram de medidas! Mas, durante esta pandemia, quem não?
Sim, consegui escrever uma peça nova. Nestes quase dois anos, foi apenas uma, muito pouco, pouco mesmo. Não, eu não terminei aquele texto encalhado de anos atrás. Apesar da boa estrutura, ele conti- nua sofrendo de um mal terrível: não se chega ao final e isso não é culpa da pandemia. Não mesmo.
Ainda teremos “As barbeiras 2”.
Também veremos o controle desta pandemia. Vacine-se.
Sabe o que é o melhor de tudo? O teatro voltou! Volte ao teatro!