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Estado de Minas EMBALOS DE SÁBADO À NOITE

Quando a juventude pede passagem com o entusiasmo de erguer um país melhor

Movimento Balanço, surgido há 20 anos, foi a balada que teve como propósito a exaltação à música brasileira


12/03/2022 04:00 - atualizado 12/03/2022 04:50

ilustração do lelis para Coluna do Helvécio Carlos

Foi num verão, há 20 anos, que Belo Horizonte balançou

Por Leo Soares, 
DJ Prosa
 
O Plano Real já era uma criança de 7 anos e a sensação de que o país tinha finalmente entrado no eixo trazia uma certa euforia para quem havia crescido cheio de incertezas. Para nossa turma, o orgulho de ser brasileiro (pelo menos além do futebol) finalmente pedia passagem.

A noite da cidade estava dominada pela música eletrônica. Não interessava o dia e o local, o baticum era sempre o tom da pista. E foi de um encontro improvável de jovens que se incomodavam com esse cenário que a ideia nasceu. De um lado, os cabeças da rádio rock Savassi FM, Leo Soares e Gustavo Ziller. Do outro, Fernanda Chagas e Maria Elisa Costa, produtoras de eventos culturais e festas de forró.

Era hora de propor uma balada que exaltasse a música brasileira. Uma noite sem "dress code", em que você poderia ir de bermuda e camiseta. Um local sem frescura, convidativo para toda a cidade e com ingresso acessível. E apareceu o lugar perfeito. Cervejaria Oficial, uma churrascaria abandonada no Prado.

Fácil de ocupar nas noites de sábado. Grande o bastante para o sonho começar a se realizar. Em setembro de 2001, nascia o Movimento Balanço. Nas primeiras edições, pouco mais de 50 pessoas se fizeram presentes. Mas, como diz o ditado, "água mole em pedra dura" e, três meses depois, a noite já era uma realidade. No início de 2002, bombou.

O sábado passou a ser diferente. Apesar de a casa abrir apenas às 22h, às 20h a rua Platina já estava tomada e uma fila enorme formada. Todo fim de semana, mais de mil pessoas passavam pela portaria. No som, os DJs apresentavam pérolas esquecidas do samba, samba rock e MPB. A pista não parava. A galera movida a cerveja gelada e catuaba cantava junto cada refrão. 

A festa ia até cinco da matina. E só era possível parar porque o jogo já estava combinado. Já com o sol nascendo, ao som de "Não adianta chorar", do Trio Mocotó, vinha o aviso de que era hora de se despedir.

O Movimento Balanço cresceu muito. Apenas uma noite por semana era pouco. E até Belo Horizonte ficou pequena. Em cinco anos de atividades intensas, foram mais de 500 eventos. Festas especiais com shows memoráveis, como os de Marcelo D2 e Bezerra da Silva. Mais de 50 cidades visitadas e até uma noite em Paris. Além de um CD lançado em parceria com a EMI Music.

Obrigado aos amigos que foram fundamentais para hoje podermos contar essa história. Fred Garzon, Bruno Diniz, Tide, Pati Blue, DJ Villa, DJ Boca, DJ Fausto, DJ Fernando, DJ Bené Ramalho, DJ Dread, DJ Marcelinho da Lua, DJ Roger Moore, e tantos outros.

"Que tempo bom que não volta nunca mais."

 A SEÇÃO “EMBALOS DE SÁBADO À NOITE” CONTA A HISTÓRIA DA VIDA NOTURNA DE BELO HORIZONTE, QUE, ANTES DA PANDEMIA, DEU O QUE FALAR
 

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