Jornal Estado de Minas

HELVÉCIO CARLOS

Conheça a história das jovens mineiras que se casaram por procuração

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Parece roteiro de cinema, mas é vida real. Fim dos anos 1950, o mundo se recuperando do pós-guerra, e sete engenheiros da Escola de Minas de Ouro Preto são escolhidos e enviados para o Japão com o objetivo de se preparar para implantar a Usiminas em Ipatinga. 





Recém-formados, Maurício de Mello, Álvaro Luiz M. Andrade, Valério Fusaro, João Geraldo P. Evangelista, Helder Parente Prudente, Antônio Pedrosa e Manoel Moacélio seguem otimistas e ansiosos por conquistar o horizonte à frente. Ficaram conhecidos como “Os sete samurais”, em referência ao filme do japonês Akira Kurosawa lançado em 1950.
 
Inês Maria Seno em seu vestido de noiva para o casamento a distância com Valério da Silva Fusaro (foto: Arquivo EM)
 
Do grupo, três deixaram suas respectivas noivas em três diferentes cidades: Belo Horizonte, Ubá e Ouro Preto. Com a saudade apertando, a solução encontrada foi casamento por procuração. "Eles, os rapazes, eram colegas de faculdade, se conheciam. Elas só foram se conhecer praticamente dentro do avião, a caminho do Japão", conta Adriana Solé, filha de Álvaro Luiz, que morreu há oito anos, e Wilma Xavier Moreira. 
 
Wilma Xavier Moreira se casou em Belo Horizonte por procuração com Álvaro Luiz Macedo de Andrade (foto: Arquivo EM)
 
"Eram juninhas mesmo", diz, lembrando que elas eram muito novas, com 19 anos e nenhuma experiência. Dos samurais casados por procuração, Mauricio Mello, que também já morreu, casou-se com Marisa Andrade Rodrigues, e Valério da Silva Fusaro com Inês Maria Seno. Valério faleceu na última sexta-feira (11/3). 





O casamento por procuração era um fato tão raro que, na cobertura da revista “O Cruzeiro”, o cônego Agostinho Moreira disse para Inês Maria Seno que, "só Dom Pedro casou-se assim". As procurações foram passadas para os pais. No caso de  Álvaro Luiz foi para o irmão Álvaro Antônio.
 
A noiva Marisa Andrade Rodrigues prepara as malas para se encontrar com o marido, Maurício Melo, no Japão (foto: Arquivo EM)
 
Adriana diz que o cenário que encontraram no Japão era de um país ainda destruído pela guerra. E ainda algumas restrições como não poder andar sozinha pelas ruas. "Por causa de traumas de guerra, às vezes as pessoas corriam atrás delas, que eram claramente ocidentais."

Se no início dos tempos de estudo só os rapazes tinham amizade, com a convivência no Japão e mais tarde os anos em Ipatinga na implantação da Usiminas, os casais se tornaram grandes amigos. "A ponto de chamá-los como tios", comenta Adriana, que tem mais quatro irmãos. Marisa e Valério tiveram quatro filhos; Maurício e Marisa, três. A negócios e a passeio, os casais voltaram outras vezes ao Japão.