(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas BALADA

Pop Rock Café fez história na Savassi, recebendo shows de grandes bandas

Eberty Sales, um dos sócios da casa que funcionou de 2002 a 2007, revela que fãs e estrelas conviviam de perto, pois não havia camarins para artistas


17/03/2022 04:00 - atualizado 17/03/2022 07:44

Endereço da Rua Sergipe, na Savassi, onde funcionou o Pop Rock Café nos anos 2000
Imóvel da Rua Sergipe onde o rock fervia nos anos 2000 (foto: Helvécio Carlos/EM/DA PRESS)

Volta e meia, Eberty Sales surpreende os amigos quando posta em seu Instagram fotos de MD (MiniDisc), mídia quase desaparecida, com registros de shows de bandas no Pop Rock Café, que funcionou na capital entre 2002 e 2007.

“Os amigos veem e dizem que virão aqui em casa para tomar um café e ouvir os MDs”, conta Eberty, que foi sócio de um dos pontos onde a balada reinou. O endereço, na Rua Sergipe, era disputado durante toda a semana, mas o ponto alto era a terça-feira, quando estrelas do porte de Kid Abelha, Los Hermanos, Lobão, Jota Quest e Skank davam as caras por lá.
O música Lobão e mulher loura sorriem para a câmera, em foto tirada no Pop Rock Café, em BH
Lobão em noite animada no Pop Rock Café (foto: Acervo pessoal)

O espaço, que comportava 600 pessoas, tinha pé-direito alto e mezanino. Pasmem: não havia camarim para a banda. Público e artistas conviviam ali, cara a cara, numa boa. Fãs não assediavam, cantores e cantoras circulavam por lá sem estrelismo. Não raro, frequentadores chegavam na mesma hora da atração da noite. Acabavam entrando juntos pela única porta de acesso à casa.

Entre tantos eventos que movimentaram a música brasileira, as edições do “Acústico MTV” eram sucesso absoluto no início dos anos 2000. Bem antes das turnês que lotavam casas como o Marista Hall, bandas como Kid Abelha passaram pelo Pop Rock mostrando seu trabalho desplugado. Ingressos acabavam com rapidez.

Rogério Flausino sorri, em foto dos anos 2000 tirada no Pop Rock Café, em BH
Rogério Flausino: presença constante na casa (foto: Acervo pessoal)


“No início dos anos 2000, a tecnologia não era como hoje. Na casa, havia só um computador, com internet discada. O pagamento dos ingressos, muitas vezes, era em cheque”, relembra Eberty Sales, sócio do Pop Rock ao lado de Tuca Martins, Junior Cocota, Rodrigo Lucas e Jussara Naves.

Ele cita outra curiosidade: “O ingresso era muito barato. Hoje, seria preço popular. Foi inocência de nossa parte não cobrar valores altos. Não tínhamos noção de que aquilo um dia ia acabar. Achamos que seria para sempre, mas foi uma ingenuidade boa”, pondera ele, que considera os cinco anos de vida da casa como um momento mágico.

“Não haverá nada como aquele período. Desconheço casa no país, do tamanho do Pop Rock Café, que tenha funcionado naquele formato com os shows que fez”, acredita.
Kid Abelha em foto dos anos 2000 tirada no Pop Rock Café, em BH
Kid Abelha, com seu pop romântico, no Pop Rock (foto: Acervo pessoal)

Com as mudanças no cenário musical do Brasil nos anos 2000, foi natural a queda do movimento do Pop Rock, que fechou as portas em 2007. “César Menotti e Fabiano explodiam, os festivais de música eletrônica também. O fã do rock se dividia entre o cara mais velho, que não enchia casa, e o muito novo, que gostava de Detonautas, CPM 22, mas não tinha idade para entrar. A pirataria de CDs também foi forte, complicando a vida das gravadoras, que perderam a força e o poder de me dar um show”, diz, lembrando que a produção das apresentações era bancada pelas gravadoras. “Muitos artistas tocavam na casa aproveitando a agenda que cumpriam aqui por perto. Por isso os grandes vinham sempre na terça-feira”, explica.
 
Gabriel O Pensador em foto dos anos 2000 tirada no Pop Rock Café, em BH
Gabriel O Pensador: rap no palco do rock (foto: Acervo pessoal)
 
O Pop Rock Café nasceu meio por acaso. Eberty, que já havia passado pelo Fantasma da Ópera e as segundas gerações da Ufo e da Ciao Ciao, foi trabalhar no Massimo Café, que mais tarde virou M Café, piano bar que emplacou. Certo dia, um representante da 98 FM bateu na porta, chamando os sócios da casa para uma reunião na rádio.

“Quando chegamos, nos disseram que queriam que o espaço deixasse de se chamar M Café para virar Pop Rock Café. No Rio, já havia o Rock in Rio Café, inspirado no Rock in Rio. Aqui, seria (inspirado) no Pop Rock Festival, com pegada meio Hard Rock Café. Nos disseram que a gestão era nossa e eles mandariam os shows. Pensamos que seriam bandas locais, nunca imaginamos os shows que foram apresentados lá”, recorda Eberty Sales.

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)