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Estado de Minas ENVELHEÇO NA CIDADE

Há 35 anos, nascia o vanguardista Drosophyla, que agitou a noite de BH

O bar começou em uma garagem no Bairro Santo Antônio, funcionou em apartamento no Barro Preto e depois se mudou para galpão na Avenida dos Andradas


24/03/2022 04:00 - atualizado 24/03/2022 02:50

Músicos da banda Mamonas Assassinas fazem caretas abraçados a frequentadores do bar Drosophyla, em BH
Músicos do saudoso Mamonas Assassinas se divertiram a valer no Drosophyla da Avenida dos Andradas (foto: Acervo pessoal)

Lilian Malta Varella, a Lili Varella, jamais imaginou que a ideia de abrir seu bistrô numa garagem na Avenida do Contorno, entre as ruas Leopoldina e Carangola, no Santo Antônio, fizesse história e a casa inaugurada em 1986 fosse lembrada até hoje por uma legião de frequentadores.

“O Drosophyla chegou chegando. Durante o dia, servia pratos quentes e saladas. À noite, funcionava como bar”, relembra Lili. Cibele Teixeira e Guilherme Horta eram sócios dela. Apesar do sucesso, um ano depois de abrir a casa teve de mudar de endereço, pois o imóvel foi vendido.

O inusitado aconteceu quando o Drosophyla se instalou em um apartamento na Rua Ouro Preto, 84, no Barro Preto, no prédio que existe até hoje. “O local era incrível”, rememora. O espaço comportava 70 pessoas e a programação ia de performances a apresentações do Grupo Galpão. O som que animava a pista era gravado em fitas cassete, com sucessos nacionais e internacionais.
Frequentadoras do bar Drosophyla, abraçadas, sorriem
Animação, a marca do primeiro Drosophyla, no Santo Antônio (foto: Acervo pessoal)

Pode-se dizer que o Drosophyla foi um marco da vanguarda de Belo Horizonte. No mesmo prédio, pouco tempo depois, Miura Bellavinha abriu um ateliê, Graziela Falci um escritório e, por último, a Trincheira Vídeo se instalou.

O Drosophyla funcionava de quinta-feira a sábado, das 20h à meia-noite. O público sabia que era hora de ir embora quando Lili passava a galinha – um pote com barbante que, friccionado, fazia o som de cocoricó. “A partir daquele momento, eu não vendia mais nada. E a turma seguia para o Scaramouche, na Praça Raul Soares”, ela conta.

Em 1992, depois de passar três anos na Alemanha, Lili voltou a morar em Belo Horizonte. Abriu o terceiro Drosophyla num galpão na Avenida dos Andradas e fechou quatro anos depois.
Plateia assiste à performance realizada no Drosophyla, quando o bar funcionava em apartamento na Rua Ouro Preto, em BH
Performances eram atração no apê da Rua Ouro Preto (foto: Acervo pessoal)

As festas da casa eram famosas, atraindo muita gente de outros estados. Até os rapazes do saudoso Mamonas Assassinas se divertiram por lá. A primeira delas foi no Sacolão da Bianca, na Savassi.

Lili continua a história do Drosophyla em São Paulo – está há 20 anos na Consolação. A pandemia afetou o empreendimento. “Fechei o delivery, que não deu certo. Para sobreviver, fizemos uma destilaria de gim, Jardim Botânico, que deu certo”, informa.

Com fotos e vídeo em VHS, Lili guarda sua memorabilia com todo o cuidado. “Não tive filhos, o bar foi minha opção de vida”, diz ela, que não esconde o desejo de escrever um livro.

Moça vestida de freira e rapaz de blusa vermelha bebem no balcão do bar Drosophyla, em BH
A ''freira'' se divertiu no Drosophyla 2 (foto: Acervo pessoal)

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