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Estado de Minas ENVELHEÇO NA CIDADE

Esperança do setor de entretenimento em BH, Olympia fechou há 30 anos

Depois de levar três mil pessoas à sua festa de abertura, casa noturna sucumbiu à crise na década de 1990 e cerrou as portas três anos depois da inauguração


31/03/2022 04:00 - atualizado 31/03/2022 00:46

Jovens sorridentes na conversam na boate Olympia, em BH, em agosto de 1989
Multidão de jovens na inauguração da Olympia, em agosto de 1989 (foto: Arthur Rodrigues/Arquivo EM/23/8/89)

O tempo passa, o tempo voa. Em julho, completam-se 30 anos do encerramento das atividades da boate Olympia, que funcionava no subsolo do Edifício JK, no Barro Preto, e movimentou a noite de Belo Horizonte. Atualmente, o espaço é ocupado pela Igreja Universal do Reino de Deus.

A Olympia chegou chegando. A abertura para convidados foi uma badalação, no melhor sentido da palavra. Cerca de três mil pessoas não acreditaram no que viram ao descer as escadarias de acesso ao interior da casa da Avenida Olegário Maciel, quase com Praça Raul Soares. Os dois mil metros quadrados eram divididos em scotch bar, 46 camarotes, pista de dança e Sala VIP.

Eduardo Coelho, o DJ Chambinho, de 47 anos, começou sua carreira com a boate, tocando na Sala VIP, espaço para cerca de 200 pessoas. Havia duas entradas: uma privativa e a outra passando por dentro da boate.

Potente equipamento de luz acima da pista de dança da casa noturna Olympia, em BH
Luzes eram atrativo a mais da pista de dança da Olympia, que consumia energia capaz de alimentar 300 residências (foto: Acervo pessoal)
A luz era um show à parte. Iluminação de palco, pista de dança, fachada e da área interna consumiam 400 mil watts – o que equivale a 36 mil kWh por mês, ou 300 residências, considerando-se o consumo médio em Minas.

Na festa de inauguração, animada pelo DJ Papel, residente da casa, os convidados não deixaram por menos, conforme revelou a reportagem do Estado de Minas: consumiram 30 caixas de uísque Passport, 25 caixas de vinho semillon blanc, 1,5 mil coquetéis, 1,5 mil litros de chope e 600 litros de refrigerantes. E como ninguém é de ferro, devoraram 25 mil salgadinhos.

Funcionários trabalham atrás de grande balcão da cozinha da boate Olympia, em BH
Cozinha da casa noturna atendia à boate e à Sala VIP (foto: Mauro Zallio/Arquivo EM/15/8/89)


O repertório era variado. “Às sextas e sábados, muito anos 1980, música nacional, lenta e house, que também fazia o som das matinês de domingo”, recorda Chambinho, que tocou até o encerramento das atividades da casa, sucedendo ao DJ Luis Carlos Papel, que se mudou para São Paulo. Na Olympia, assim como nas boates da época, a pista era aberta com luzes e trilha especial.

Escada de acesso à boate Olympia, em BH
A famosa escadaria dava acesso à boate (foto: Acervo pessoal)
“Fazíamos mixagem do tema de ‘2001 – Uma odisseia no espaço’ (‘Assim falou Zaratustra’) com uma de Tchaikovski”, relembra. Com o fim da Olympia, Chambinho tocou na Hipodromo, Chamonix. Fábrica de Macarrão, Tom Marrom e L’Apogée, e comandou o programa “Gás total”, na Rádio Extra, até passar a se dedicar apenas a eventos.

À frente do empreendimento estava o espanhol Pedro Gonzales Mendes, que, segundo reportagem da época, era sócio do Scala, no Rio de Janeiro, e do Olympia, em São Paulo.

Pista de dança da casa noturna Olympia, em BH
Pista de dança se tornou point de BH (foto: Acervo pessoal)
Otimista, ele disse, em entrevista, que não temia o conservadorismo do mineiro. Acreditava que BH tinha muitos jovens, o que garantiria a frequência da casa. Revelando ter planos para ampliar o negócio para outras capitais, anunciou: “Queremos tomar o Brasil”.

Três anos depois, diante da mistura indigesta de crise econômica, mudanças sociais e nova cena musical, a Olympia não aguentou a barra e fechou as portas.

 
ÀS QUINTAS-FEIRAS, A COLUNA HIT PUBLICA A SEÇÃO “ENVELHEÇO NA CIDADE”, COM HISTÓRIAS DE CASAS NOTURNAS QUE MARCARAM A BALADA NA CAPITAL MINEIRA
 

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