Jornal Estado de Minas

EMBALOS DE SÁBADO À NOITE

DJ com meio século de carreira relembra os bons tempos da noite de BH

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No lugar certo, na hora exata

Júlio do Sparta
DJ

Minha história começa na adolescência, em um quartinho de despejo na casa do Sérgio Jacó, no bairro Santo Antônio. Foi lá onde fiz contato com o Rodolfo Malard, dono da Som Shine, o primeiro discotecário (hoje DJ) que conheci. Ele me convidou e passei a integrar a equipe como colaborador.





Não ganhava nada, mas fazer parte da melhor equipe de som da época e estar em todas as festas compensava. As mixagens eram feitas entre duas picapes Garrard através de uma “caixinha” de alternação de telefones de uma sala para outra, que a gente chama de “caixinha de passagens”. Tudo feito de ouvido.

A primeira festa de que participei como discotecário, dividindo o tempo com o Jacó, foi em 1972, no antigo Country Clube, hoje Minas Tênis Clube. Tinha 17 anos, hoje estou com 67. Além de festas e bailes, fazíamos trilhas para peças teatrais, desfiles de moda e de misses, casamentos dentro de igrejas, chás beneficentes, carnaval, réveillon e bailes-serestas.

Como tinha bom conhecimento musical, a maioria dos eventos especiais sobrava para mim. Imagina fazer seresta de quatro horas tocando samba-canção, boleros, tangos e rumbas, sem repetir uma música!

Toquei em várias festas de 15 anos nas mansões da Pampulha, prática comum naquela época, nas festas juninas nos colégios Pitágoras, Promove, Santo Antônio, Champagnat, Loyola, Estadual Central, Tiradentes, Dom Silvério e Militar, além da famosa Noite do bode cor-de-rosa, do Colégio Santa Maria.





Mas o local onde toquei mais vezes e fiquei residente durante muitos anos foi o Sparta. Aquelas matinês atraíam, todos os domingos, um público jovem que variava de 1,6 mil a 3 mil pessoas, chegando a picos de 5 mil, com portões fechados e gente querendo entrar. Até hoje sou reconhecido como Júlio do Sparta.

Naqueles tempos, não havia casas noturnas, apenas os “inferninhos” com shows de striptease nada familiares. A partir das bem-sucedidas festas em clubes, quadras e colégios, começaram a surgir as boates, que fizeram sucesso na época, como Old Face, Adega 1300, Sagitarius, Le Chat Noir, Largo do Baeta, Tom Marrom, Le Galope, Jambalaia, Le Bateau Blanc e Club Fantasy.

Consegui acompanhar boa parte da evolução tecnológica. Hoje em dia, faço festas com notebook, controladora e um pen-drive. Nada mais daquelas pesadas caixas de discos e picapes. Tenho um programa na web rádio Disco Funk, o “Hora dançante”, que vai ao ar todos os dias, das 20h às 21h.





Neste sábado, 9 de abril, depois de dois anos volto ao comando da picape na quinta edição da festa “Sparta bons tempos”, que seria realizada no Music Hall antes da pandemia.

Com o fechamento do espaço, a festa será realizada no estacionamento do Sacolão Lisboa, na Pampulha, que, aliás, lembra a quadra do Sparta.

Em 2017 e 2018, realizamos quatro edições da festa – uma por semestre –, com estrutura de som e luz de primeira grandeza, inclusive reproduzindo a pista de dança iluminada do filme “Embalos de sábado à noite”. Todos aguardamos ansiosamente o reencontro.

A SEÇÃO “EMBALOS DE SÁBADO À NOITE” CONTA A HISTÓRIA DA VIDA NOTURNA DE BELO HORIZONTE, QUE, ANTES DA PANDEMIA, DEU O QUE FALAR