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Ufo e Club:e foram casas que influenciaram a balada em Belo Horizonte

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No início dos anos 2000, a efervescência em torno da vida noturna em BH era tão grande que havia casos de uma boate fechar e outra abrir em seguida com os mesmos sócios da anterior. Foi assim com a Ufo, que funcionou na Rua Padre Odorico, entre Orange e Major Lopes; e com a Club:e, que ocupou o prédio onde hoje funciona uma agência bancária na Rua Felipe dos Santos, quase esquina com Rua Santa Catarina.




 
A primeira ocupou um prédio de três andares, que, ao longo da história, volta e meia foi ponto da balada. Hoje abandonado, o endereço nem de longe lembra os tempos de apogeu. Os três andares eram divididos em restaurante japonês, o primeiro montado em uma boate; o andar do meio era a boate propriamente dita; e o de baixo, um pub.
 
Leo Dias, um dos sócios da casa, conta que no pub aconteciam encontros musicais inusitados. "Geralmente, às quintas-feiras, sem nada programado, dependendo dos grupos ou dos cantores em turnê por Belo Horizonte. Leo Jaime, por exemplo, já terminou um show na cidade e foi cantar na Ufo. O pau quebrava mais tarde."
 
Mas a história da Ufo não foi só de sucessos em relação aos shows inusitados. A Justiça ficou no pé do empreendimento desde o início, quando a inauguração foi embargada. "E na inauguração havia convidados de fora de Belo Horizonte que vieram com a promoter Alicinha Cavalcanti. Só conseguimos abrir com liminar. E funcionou assim, com liminar, até o último dia." Apesar do receio dos vizinhos em relação ao barulho, a casa tinha revestimento antirruído.




 
Leo Dias tinha sociedade com Marco Túlio Lara, Emanuel Junior, Otávio Romano, Leo Ziller e Dídio Mendes. Quando o imóvel da Rua Felipe dos Santos surgiu, o grupo pensava em montar uma nova casa. Ziller e Dídio, antenados no surgimento da cena da música eletrônica em Belo Horizonte, perceberam que a hora era aquela e criaram a Club:e. Com capacidade para 2 mil pessoas, era dividida em dois ambientes, um para show e outro para música eletrônica. Foi a partir da Club:e que o gênero musical cresceu na capital mineira. Dias recorda que, geralmente, depois das duas da manhã, enquanto rolava uma festa no primeiro piso, começava outra no segundo andar.
 
Vinte anos depois do fechamento das duas boates, ele afirma, bem-humorado, que casa noturna oferece ao empreendedor dois motivos de alegria: quando abre e quando fecha. "Naquela época, não havia software de gestão. Os riscos de passarem a perna eram muito grandes. Você não pode descansar. Não é porque um dia bombou que o outro será igual. Matando um leão por dia, a vida noturna não tem descanso."