Dez anos se passaram desde a estreia do primeiro blog brasileiro de decoração feito por um homem. De lá pra cá, Edu Mendes (@doedustore), autor da façanha, virou referência no mundo virtual, conquistando seguidores país afora. Agora, ele dá novo passo, abrindo loja física com sede própria em Lourdes. "O mercado realmente tem tido um boom no digital, mas o morar continua sendo algo analógico. Então, queria juntar o alcance e influência que tenho na internet e expandir para algo mais tangível, onde minha audiência pudesse ter uma experiência sensorial completa. Acho importante ter esse contato direto", observa ele, justificando o caminho que tomou, oposto ao que a grande maioria dos empresários fez rumo ao mercado digital.
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É exagero dizer que você cansou da vida de influencer e, por isso, muda o rumo?
Eu continuo sendo influencer, na verdade só expandi meu universo de alcance. Depois de trabalhar com as maiores marcas de decoração/reforma do país, percebi que meu conteúdo era muito relevante para “vender” essas empresas para minha audiência. Daí pensei: por que não vender as minhas ideias?. Então, continuo fazendo parcerias com empresas, mas também virei empresário, que tem produtos (além da influência) pra vender.
O que você constatou de bom e ruim em sua vida de influencer?
O melhor é ter acesso a várias pessoas e ver seu conteúdo mudar de alguma forma a vida delas. É muito gratificante ver cada seguidor que muda a sua casa, presta mais atenção no seu canto, muitas vezes influenciado por um vídeo meu. E esse retorno é muito direto, as redes sociais permitiram esse contato mais imediato. Esse mesmo contato “facilitado” permite que existam haters também. Acho que essa é a parte ruim da profissão, apesar de eu não ter tantos assim.
Qual a demanda do público que segue você em rede social?
As pessoas que me seguem buscam, antes de tudo, se envolver mais com a própria casa. Buscam desde um passo a passo de como pintar uma parede até uma ideia de combinação do sofá com o piso. E isso independe de glamour ou grifes, é um processo de autoconhecimento e autorepresentação de você no seu espaço. Eu, por exemplo, tenho poltrona de grife na minha sala, mas fui eu que fiz o rack da TV. O meu conteúdo é mais sobre esse processo de botar a mão na massa (teórica e literalmente) na hora decorar sua casa.
O seu trabalho também tem foco nos pequenos produtores. O que você observa desse nicho?
Geralmente, pequenos produtores têm sua criação como um negócio paralelo, geralmente vindo de um hobby. Têm técnica, senso estético, mas esbarram em questões como precificação, posicionamento, estratégia de venda. Têm o produto, mas nem sempre têm a visão disso como negócio. Existe um movimento incrível em BH de pequenas marcas e produtores criando coisas incríveis. Só precisam de mais espaço.
Como funciona sua escolha dos trabalhos desses pequenosprodutores, quais são os seus critérios de escolha...
Sempre busco marcas que tenham um viés mais moderno sobre técnicas já tradicionais. Acho interessante quem mistura o artesanato mineiro com design mais contemporâneo. É um jeito de manter vivas algumas tradições, mas também trazer um frescor e um público maior. Valorizo muito o trabalho feito a mão e cada história que tem por trás dele.
Com inflação alta, preço dos alimentos estratosféricos, existe espaço no bolso do brasileiro para a decoração? Por quê?
Acho que morar é algo que sempre vai existir e isso independe da situação econômica do país. Se você não pode comprar algo no momento, pode ver um vídeo com um tutorial de como fazer algo você mesmo pra mudar sua casa. Esse envolvimento com o lar vai muito além de valores. Muitas vezes, funciona como válvula de escape e hobby. Claro que o poder de compra diminuiu, mas hoje também existe uma variedade enorme de marcas, produtos e serviços para todos os bolsos.