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Sucesso em Minas, 'Quando fui morto em Cuba' pode inspirar nova produção

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É cinema, é música, é literatura e é até teatro

Breno Milagres

Diretor


Viva o teatro! Morra o teatro! Assim dizia o teaser de TV do espetáculo videoteatral “Quando fui morto em Cuba”, que produzi e dirigi em 1983. Roberto Drummond, autor do livro no qual a chamada videopeça foi inspirada, disse em entrevista: “A videopeça é cinema, é música, é literatura... e é até teatro.”





Foi nessa toada antiteatral que o espetáculo, que quebrou todos os recordes de bilheteria na época de seu lançamento, foi apresentado ao público.

“Quando fui morto em Cuba”, a videopeça, inovou, quebrou paradigmas e despertou amplo debate entre a classe artística em Belo Horizonte. Alguns poucos gostaram da ideia, mas a grande maioria era contra: afinal, seria possível produzir um espetáculo teatral em que o próprio teatro ficasse em segundo plano?

Pois foi possível.

E isso aconteceu porque a videopeça foi inovadora em diversas fases, ao introduzir cenas filmadas, exibidas em um telão, misturadas com músicas e... ações teatrais.

A primeira inovação foi a estratégia de marketing, jamais utilizada por um espetáculo em Minas: em vez de buscar parcerias para a divulgação, usou o método joint venture, ao assinar com a Rede Globo e o jornal Estado de Minas contrato em que eles não seriam meros divulgadores, mas, sim, sócios do projeto.





Dessa forma, a videopeça ganhou espaço na mídia bem antes de sua estreia. Chamadas e teasers em horários nobres na TV e páginas inteiras no jornal anunciavam o espetáculo nunca visto, atiçando a curiosidade do público.

Como outra novidade, a trilha sonora original foi gravada na Bemol, com edição de um disco distribuído nacionalmente pela gravadora Ariola, muito importante na época. Participaram Marco Antônio Araújo, Marku Ribas, Marilton Borges, Tino Gomes, Alexandre Sales, Roberta Lombardi, Pendulum, Selmma Carvalho e outros nomes da música mineira. As canções do espetáculo também foram executadas em rádios parceiras, meses antes da estreia.

A expectativa do público era grande.

Mas como só marketing não significa sucesso, a produção tratou de acionar o que havia de melhor no mercado da época. Contratou os artistas Wilma Patrícia, Ronaldor, Inês Peixoto, Isabela Teixeira da Costa, Dílson Mayron, Belizário Barros e Farouk Salomão, além da produção teatral de Márcio Machado e Alisson Vaz.





Assim, o resultado acabou sendo um dos maiores fenômenos teatrais de Minas Gerais. A videopeça ficou em cartaz por seis meses no Teatro da Imprensa Oficial, com sessões de segunda a domingo – e dois espetáculos aos sábados e domingos.

Chamou a atenção da imprensa nacional pela novidade, percorreu 20 cidades do interior de Minas com sessões fechadas, até terminar sua trajetória em quatro apresentações no Palácio das Artes. Porém, não conseguiu seguir carreira no Rio de Janeiro e em São Paulo devido a divergências do elenco.

O espetáculo usava um telão que, hoje em dia, não seria maior do que a TV de 75 polegadas. Mas a novidade atingiu em cheio o público.

Reproduzir o espetáculo hoje seria improvável, pois ele aconteceu como novidade. Atualmente, a tecnologia poderia nos levar a um outro tipo de espetáculo, mas não aquele.

Penso ainda em utilizar a ideia original em espetáculo parecido, que utilize cinema e palco, mas nunca o remake daquela videopeça.

ÀS SEXTAS-FEIRAS, A COLUNA HIT PUBLICA A SEÇÃO “TERCEIRO SINAL”, NA QUAL DIRETORES, ATORES E PRODUTORES ESCREVEM SOBRE PEÇAS QUE FIZERAM SUCESSO ENTRE OS ANOS 1960 E 1990 E COMO SERIA A REAÇÃO DO PÚBLICO SE ELAS FOSSEM REMONTADAS.