A pandemia colocou o compositor Túlio Mourão por horas na banqueta do piano. "Ainda bem que eu tinha o piano", observa. "E me deixou boas sequelas, em forma de avanços e aprimoramentos mais técnicos", diz.
Ele comenta que o instrumento também serviu de abrigo contra incertezas e ponte para atravessar o vácuo cultural que se instaurou na ocasião, "quando a pandemia seguramente não andava só em sua corte de mazelas!"
Túlio também participa da programação, no dia 28 de julho, no Museu das Minas e do Metal, apresentando o livro “Alma de músico”, no projeto Sempre um Papo, que faz dobradinha com o festival.
Colaboro de diferentes maneiras e intensidades desde a segunda edição, buscando a dilatação do seu espaço e, principalmente, de seu significado, criando consenso sobre o seu impacto positivo sobre o turismo, as economias de regiões e comunidades envolvidas, a conexão do estado de Minas com o conceito de qualidade, a conexão de Minas com a cena do jazz internacional, o impacto de qualidade sobre a cena musical local, tanto em aspectos artísticos quanto técnicos, gerenciais, jurídicos e logísticos.
Dentro de minha vivência, considero este desafio dos mais estimulantes e gratificantes, porque me alinho aos que percebem a cena artística mineira merecedora de estruturas, espaços, instituições e projetos arrojados que honrem sua ordem de grandeza .
A ambos não faltam razões para uma justa homenagem. Maria Alice Martins havia esboçado algo de conteúdo para a curadoria que nos esforçamos para atender.
O festival Tudo é Jazz, na verdade, cresce em várias direções e múltiplas dimensões. Primeiramente, cresce fortalecendo a convicção de que a grande vocação do estado de Minas Gerais presentemente é a qualidade.
Também cresce reconhecendo a música instrumental como um dos mais vigorosos e marcantes traços da produção cultural mineira contemporânea, atestando tanto a maturidade de instituições como a Escola de Música da UFMG, Bituca, BDMG Cultural, Rádio Inconfidência, Rede Minas, quanto de eventos como o festival de acordeon, o festival de violão, o I Love Jazz e o Tudo é Jazz.
São elos de uma consistente cadeia de apoio que hoje exibe como frutos as novas gerações com surpreendente preparo e altíssimo nível de desempenho. Pessoalmente, guardo convicção de que presentemente o melhor do jazz estaria em seu encontro com diferentes culturas, latitudes e gerações.
Em edições anteriores, o Tudo é Jazz exibiu excelente jazz que tinha origem no Leste europeu. Sob esta perspectiva, a ação de levar o festival Tudo é Jazz para várias comunidades do interior ganha ainda mais significado e relevância, além de formação de público, democratização e acesso a preciosos bens culturais.
Também é marca de origem do Tudo é Jazz apostar e exibir grupos que percebem e significam o jazz como linguagem em contínua transformação.
Foram 30 anos de Rio de Janeiro em que compartilhei discos e palcos com os mais significativos nomes da cena musical brasileira, de Mutantes a Milton Nascimento, passando por Raul Seixas, Belchior, Bethânia, Chico, Caetano e também celebridades do mundo pop e da cena jazz.
Quanto à minha produção discográfica, penso que ela reflete primeiramente minha opção em expressar a diversidade da minha música em canções, música instrumental, arranjos, trilhas de filmes, recriações pianísticas de temas que me sensibilizam e, mais recentemente, um livro de crônicas.
Pessoalmente, sou mais sensível às pressões do meu próprio interior para me focar em canções, letras, música instrumental ou recriações pianísticas de temas do que a pressões mercadológicas. Por uma razão muito convincente: a música sempre nos dá mais do que promete!
A feitura de uma canção é um fenômeno extremamente permeável aos estímulos que brotam de situações e vivências interiores traduzidas pela subjetividade afetiva, quanto exalam da música que garimpamos no cotidiano. A música dos nossos grandes compositores sempre me estimulou na composição dos meus temas.