"O livro ‘Harpia’, um documentário fotográfico que começou como uma reportagem para a ‘National Geographic’ em 2004 e em 2010 se materializou nesta obra que conta a história dessa incrível águia tropical. O livro ‘Jardins da Arara de Lear’, que publiquei junto com o escritor Gustavo Nolasco, em 2018, também foi um divisor de águas na minha carreira", aponta.
"Conseguimos nessa obra reunir a história de homens e araras na mesma jornada, mostrando que um não existe sem o outro. Trabalhar esse tema em meio ao sertão do Raso da Catarina me fez enxergar a natureza de uma maneira muito mais integrada", diz ele, que está amadurecendo um projeto sobre as araras das Américas.
E com tudo isso vem agora a responsabilidade de representar Minas Gerais e nosso país nessa entidade, lutando para que as questões ambientais do nosso estado e do Brasil possam ecoar por todo o mundo e trazer mudanças positivas para a nossa realidade.
Participar dessa entidade ao lado de fotógrafos como Frans Lanting, Cristina Mittermeier, David Doubilet, Luciano Candisani, entre outros, fortalece o sentimento de que estou no caminho certo e que minha voz e minhas imagens estão atingindo seus objetivos.
Desde então, acredito que esse tempo todo de estrada e que ter conhecido tantas histórias pelo caminho me fizeram enxergar o mundo de uma forma integrada, fazendo com que minha abordagem sobre os assuntos ambientais tivesse uma pegada que mostra como estamos todos conectados aos impactos ao meio ambiente.
Então, mesmo estando conectado a veículos de comunicação exclusivamente digitais e às redes sociais, ainda sigo acreditando e constatando a força de um trabalho impresso, seja num livro, numa revista ou mesmo em uma exposição.
E, com os olhos no visor da câmera, pude viajar pelo mundo, registrando e dividindo histórias. Num dos documentários mais densos que produzi sobre as harpias, maiores águias das Américas, pude acompanhar, numa plataforma a 35 metros de altura no alto de uma castanheira, o primeiro dia de um filhote após sair do ovo. Observar e fotografar esse momento no meio da floresta amazônica foi um imenso privilégio.
Outro momento marcante foi presenciar o ataque de uma onça-pintada a um jacaré no Pantanal mato-grossense. Fotografei desde o momento em que ela avistou o jacaré, sua aproximação, o salto para a água e o momento quando ela emergiu com as presas em meio ao pescoço de sua presa. Presenciar uma cena como essa mostra para a gente a força da natureza de uma forma muito evidente.
A indústria da mineração, por exemplo, poderia ser feita de forma muito menos impactante em todos os sentidos, e o estado poderia e deveria estar ao lado de sua população, não de interesses econômicos de curtíssimo prazo.
Hoje, essas grandes corporações, ligadas à leniência dos governos, não conseguem enxergar que o mal que estão fazendo os atinge e a todos os que eles amam. Mas a minha escolha é a de seguir lutando para mostrar que podemos alterar essa rota de destruição que vivemos atualmente.