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Queijo da Canastra é tema de livro em projeto apoiado pelo Sebrae

"Rota do queijo da Canastra" foi escrito pela jornalista Lorena K. Martins e mostra o modo de vida dos produtores da região


01/08/2022 04:00 - atualizado 31/07/2022 19:12

 Lorena K. Martins de pé junto a placa que indica direção para queijaria da serra da canastra
Lorena K. Martins escreveu livro sobre o modo de vida das 800 famílias produtoras de queijo na Serra da Canastra (foto: Thiago Alves/Divulgação)

Da mesa à biblioteca. O queijo canastra ganha uma obra (“Rota do queijo da Canastra”, da Editora D´Plácido) em que a  jornalista Lorena K. Martins mostra o modo de vida dos produtores da Serra da Canastra e suas produções premiadas. 

"São cerca de 800 famílias produzindo queijo na Serra da Canastra. Algumas veem seus produtos cada vez mais valorizados com as premiações internacionais e integrando os cardápios dos restaurantes dos grandes chefs. Esses queijos chegam ao mercado com valores maiores, típicos de um produto genuinamente artesanal", conta. 

"Mas há também famílias que fazem um produto de qualidade, mas que optaram por um queijo mais para o dia-a-dia, para acompanhar aquele cafezinho do mineiro. Então, há queijos para todos os gostos e bolsos. E essa diversidade também é outra marca importante da região", diz ela.

O livro faz parte de um projeto que inclui um documentário de 20 minutos, dirigido pelo mineiro Gustavo Carneiro, e um site (rotadoqueijodacanastra.tur.br), que reúne toda a produção. "Importante destacar que todo o projeto teve a curadoria do jornalista Alex Capella e o apoio do Ibrachina e do Sebrae, parceiros fundamentais para que essa produção saísse do papel", reconhece a jornalista.  

Capa do livro 'Rota do queijo da Canastra'

O que motivou a decisão editorial do livro em focar na histórias de produtores e deixar o queijo quase como coadjuvante?

O premiadíssimo queijo feito na Serra da Canastra nada mais é do que o resultado da história de vida dos produtores, das técnicas e conhecimentos empregados nele e do ambiente criado na região. Então, ao falarmos das famílias produtoras, estamos falando do queijo, já que as histórias se confundem.
 
Qual a história que mais emocionou você durante os três meses de papos com homens e mulheres de São Roque de Minas, São João Batista do Glória, Piumhí, Vargem Bonita, Tapiraí, Medeiros, Delfinópolis e Bambuí, municípios ao longo da Serra da Canastra?

Difícil falar de uma história apenas. Há algo especial na Serra da Canastra. Algo que nos magnetiza, sabe? Você pode explorar a Serra várias vezes e sempre encontrará uma nova história, uma nova paisagem. Talvez o que mais nos emociona seja o espírito presente no lugar, a conversa, a troca. Todos que vivem na Canastra sabem que o trabalho duro, o respeito à natureza e a solidariedade são valores imprescindíveis, e as famílias em toda a Serra têm como propósito de vida ajudar.
 
Os queijos guardam o DNA de seus produtores?

Pouca coisa mudou no modo de fazer o queijo, desde quando os portugueses chegaram na região, há 200 anos. Mas os produtores passaram a observar os efeitos das condições ambientais em cada queijo: o solo, o clima e a fauna bacteriana do lugar. E isso é diferente em cada fazenda. E os produtores passaram, então, a explorar essas características únicas e a fazer um produto único a partir dessas condições específicas.  

O site americano Taste Atlas elegeu o queijo Canastra como o melhor do mundo. Nesse ranking, o produto deixou para trás Grana Padano, por exemplo. Nós, mineiros, temos a dimensão da qualidade do queijo ou seguimos na máxima segundo a qual santo de casa não faz milagre?

Não só os concursos internacionais, mas os nacionais também apontam o queijo produzido na Serra da Canastra como um dos melhores do mundo. É uma valorização crescente, vista também nos cardápios dos restaurantes dos grandes chefs, que cada vez mais utilizam o Canastra nas suas criações, e também na mesa dos mineiros que buscam um queijo de qualidade superior. Mas, como a produção ainda é bem artesanal, o custo do produto acaba sendo um limitador.  

Há 14 anos, o método de produção do Queijo Canastra Artesanal foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo IPHAN. O que mudou de lá pra cá em relação ao respeito e à manutenção da tradição secular de produção do queijo?

Pouca coisa mudou no modo de fazer o queijo, desde quando os portugueses chegaram na região. Ele é feito de leite cru, em vez de pasteurizado, o que faz toda a diferença. Mas, obviamente, avançou-se muito nas questões sanitárias. Há uma preocupação muito grande no processo de fabricação, de armazenamento, de transporte. Esse conjunto de coisas faz do queijo produzido na Canastra um dos melhores do mundo.
 
A partir do recorte do livro percebemos que a produção de sete municípios pode ser também uma rota turística. Os municípios estão atentos a isso, que, de certa forma, pode favorecer as cidades economicamente?

Há um movimento crescente do turismo na região. E os produtores fazem parte desse processo, estão investindo em suas fazendas, criando visitas guiadas para mostrar a produção do queijo e o modo de vida na Canastra. Essas cidades formam uma rota em que cerca de 800 famílias não só mantêm viva uma tradição secular como têm mostrado ao Brasil que aqui se faz um dos melhores queijos do mundo.

Essas famílias vivem em algumas das regiões mais remotas da Serra. Elas têm em comum, além da produção do queijo, a conexão muito especial com a montanha. A produção de queijo é uma atividade usada para apoiar o desenvolvimento de forma sustentável e harmônica. E é também um meio de ensinar sobre a importância de um ecossistema muito frágil, que propicia queijos com aroma, sabor e frescor únicos.  

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